Em dezembro de 2019, mal eram passados dois meses da chegada do fotógrafo brasileiro Diego Herculano a Cantão, na China, quando começaram a surgir notícias sobre um novo vírus semelhante ao Sars —que, no começo dos anos 2000, paralisou cidades e deixou quase 800 mortos no mundo e um legado de medo na população.
Os rumores iniciais acabaram se desdobrando em uma pandemia que, até este domingo (9), já havia feito mais de 720 mil vítimas pelo planeta.
A China, epicentro inicial do novo coronavírus, também foi um dos primeiros países a impor grandes restrições ao contato social, inclusive em metrópoles como Cantão.
“As ruas ficaram desertas. Um amigo chinês, a quem me afeiçoei bastante, precisou fechar seu pequeno comércio e, como muitos, ficou desempregado. Era triste ter de testemunhar isso”, diz Herculano.
“O mundo se fechou e eu me vi em um filme de ficção cientifica.” O brasileiro decidiu, então, documentar o processo de confinamento, buscando histórias nas ruas e entre amigos que havia feito na cidade de 14 milhões de habitantes.
“Eu já não era apenas uma testemunha. Aquele momento também dizia respeito a mim e a meus medos”, diz.
Passado o pico da epidemia na China —o país soma 84 mil casos e 4.600 mortos pela Covid-19—, Herculano se pôs a retratar, entre junho e agosto, a retomada pós-confinamento, explorando a vida noturna e a relação dos cantoneses com as ruas e as luzes da metrópole.
Algumas das imagens compõem este ensaio. “Apesar de a China ainda estar fechada para muitos países, aparentemente renasce uma ‘normalidade’, marcada e de máscara”, afirma o fotógrafo.
“Não sabemos por quanto tempo chamaremos isso de ‘novo normal’, ou até quando tudo isso ainda será ‘novo’.”
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