Hiroshima lembra 75 anos da bomba em cerimônia reduzida devido ao coronavírus

Alguns sobreviventes deixaram de ir ao evento por medo de contaminação

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Tóquio e São Paulo | Reuters

Sinos soaram em Hiroshima nesta quinta-feira (6) para lembrar os 75 anos do primeiro ataque nuclear da história. Por conta das restrições impostas pela pandemia, no entanto, a cidade teve cerimônias menores.

Anualmente, milhares de pessoas participam dos eventos desta data, que buscam lembrar os horrores de uma guerra e pedir paz. Neste ano, apenas sobreviventes do ataque e seus familiares puderam comparecer à homenagem principal, que reuniu cerca de 800 pessoas.

Elas usaram máscaras e buscaram respeitar o distanciamento social.

Pessoas com máscaras lançam lanternas de papel no rio Motoyasu, em Hiroshima, em memória das vítimas do ataque nuclear - Kyodo/Reuters

Mesmo o número de sobreviventes presentes foi menor. Chamados de "hibakusha", a maioria deles tem mais de 80 anos. O medo de contaminação pelo coronavírus levou alguns a desistir de ir ao ato.

"Algumas pessoas questionaram se seria certo que os 'hibakusha' participassem da cerimônia em meio a uma pandemia", disse Kunihiko Sakuma, diretor de uma entidade que reúne grupos de sobreviventes dos ataques nucleares, ao New York Times.

Já outros decidiriam vir, segundo ele, por acreditarem que, se já sobreviveram tanto, não poderiam desistir agora do esforço para espalhar a mensagem contra as bombas atômicas.

O número total de armas nucleares no mundo diminuiu de 70 mil em meados da década de 1980 para cerca de 13 mil atualmente.

No entanto, mais países, como Índia, Paquistão e Coreia do Norte, avançaram nessa tecnologia, e os Estados Unidos e a Rússia passaram a rever tratados que limitavam a expansão das bombas.

O premiê japonês, Shinzo Abe, fez um discurso no evento e defendeu o avanço rumo a um mundo livre de armas nucleares.

Abe, no entanto, é questionado por impulsionar o aumento da militarização do Japão e pelo fato de o país não ter ratificado um acordo internacional pelo fim dessas armas, defendido pela ONU.

No final da Segunda Guerra Mundial, Hiroshima foi atacada por uma bomba atômica lançada por um avião dos Estados Unidos às 8h15 do dia 6 de agosto de 1945. Mais de 135 mil pessoas morreram, boa parte delas incineradas instantaneamente.

Outras milhares morreram depois, pelos efeitos secundários da bomba, como o alto nível de radiação, capaz de comprometer a pele e os órgãos internos e gerar câncer.

Às 8h15 desta quinta (6), um minuto de silêncio foi respeitado na cidade. Pequenos barcos de papel com luzes foram colocados na água.

O prefeito de Hiroshima, Kazumi Matsui, fez um chamado para que as pessoas evitem o nacionalismo extremo, o que, considera ele, leva a guerras e ao uso de armas nucleares.

"Rumores na época do ataque diziam que 'nada vai crescer aqui em 75 anos'", disse Matsui. "Mas 75 anos depois, Hiroshima está recuperada e se tornou um símbolo da paz."

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