Anunciada nesta terça (11) como candidata a vice-presidente de Joe Biden na corrida pela Casa Branca, a senadora pela Califórnia Kamala Harris culpou o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, pelas queimadas na Amazônia em 2019 e afirmou que ele deveria responder pela devastação.
Em sua conta no Twitter, Kamala publicou em três dias diferentes de agosto do ano passado questionamentos sobre a postura de Bolsonaro em relação aos incêndios e defendeu que os Estados Unidos suspendessem negociações de acordos comerciais com o Brasil.
Nos primeiros oito meses da gestão de Bolsonaro, o Brasil registrou o maior número de incêndios para o mesmo período desde 2010. Em agosto, o pior mês da década até então, as queimadas na Amazônia tiveram ampla repercussão internacional.
No dia 23 de agosto, Kamala Harris publicou na rede social que Bolsonaro deveria "responder pela devastação". Segundo ela, a Amazônia "gera 20% do oxigênio do planeta e é o lar de 1 milhão de indígenas". "Qualquer destruição afeta a todos nós."
No dia seguinte, ela insistiu no tema, afirmando que Bolsonaro era similar a Trump e não agia contra garimpeiros e madeireiros que destruíam a terra.
A senadora ligou o assunto à negociação de um acordo comercial que acontecia entre os dois países naquele momento, afirmando que o presidente americano não deveria tratar do tema até que Bolsonaro revertesse "as políticas catastróficas" e lidasse com os incêndios.
"Precisamos da liderança americana para salvar o planeta", escreveu Kamala.
Três dias depois, em 27 de agosto, ela afirmou que o presidente brasileiro "encorajou ativamente os incêndios e recusou ajuda do G7 para combatê-los".
Na ocasião, Bolsonaro chamou de esmola a ajuda de US$ 20 milhões (R$ 108,5 milhões) oferecida pelos países do G7 e anunciada pelo presidente da França, Emmanuel Macron.
Segundo ela, Trump prometeu total apoio ao presidente brasileiro e afirmou que o americano falhou "em um momento que o planeta depende da liderança americana".
Também em agosto do ano passado, Joe Biden afirmou no Twitter que uma ação global era necessária para impedir a destruição da Amazônia "antes que seja tarde demais".
A defesa do meio ambiente é uma bandeira do democrata.
Em seu plano de governo, ele promete investir US$ 2 trilhões (R$ 10,85 trilhões) em um plano ambicioso de combate às mudanças climáticas com projetos de infraestrutura em energia limpa nos setores de transporte, energia e construção civil ao longo de quatro anos.
Segundo Biden, a meta é zerar em 15 anos as emissões de carbono provenientes do setor elétrico no país e gerar empregos na área de energia limpa.
A escolha Kamala para vice na chapa de Biden uniu o perfil de dois grupos de eleitores que serão determinantes na disputa de 3 de novembro: mulheres e negros.
É a primeira vez que uma mulher negra concorre à vice-Presidência nos EUA —e também a primeira vez que uma candidata tem origem indiana.
Aos 55 anos, Kamala é senadora desde 2017, foi procuradora na Califórnia de 2004 a 2011 e concorreu pela nomeação democrata à Presidência dos EUA, inclusive contra Biden, com quem travou um duro embate em junho do ano passado.
Filha de imigrantes divorciados —uma pesquisadora da Índia e um professor da Jamaica, ambos engajados no movimento pelos direitos civis—, Kamala aposta justamente no seu apelo entre progressistas e moderados para tentar catalizar o amplo arco de eleitores de que Biden precisa para vencer Trump.
Em seu primeiro mandato como senadora, é hoje a mais conhecida entre as mulheres negras na política americana —a única no Senado—, com posições críticas ao presidente e bandeiras que vão desde a reforma da polícia até o corte de impostos da classe média.
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