Homem negro baleado pelas costas por policial branco nos EUA ficou algemado ao leito de hospital

Jacob Blake, que ficou paralisado da cintura para baixo, foi solto após pai relatar prisão à mídia

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Jacob Blake, homem negro baleado pelas costas por um agente branco em Kenosha, em Wisconsin, foi algemado ao seu leito de hospital —apesar de ter ficado paralisado da cintura para baixo após a ação policial.

O advogado da família, Patrick Cafferty, confirmou nesta sexta-feira (28) que Blake não estava mais algemado. Seu pai, também chamado Jacob Blake, havia dito nesta quinta (27) que seu filho estava preso. "Ele não pode ir a lugar nenhum. Por que é preciso algemá-lo?”

Segundo Cafferty, será preciso um "milagre" para que Blake volte a andar.

Jacob Blake Sr, pai de Jacob Blake, que foi atingido pela polícia em Kenosha, discursa em Washington
Jacob Blake Sr, pai de Jacob Blake, que foi atingido pela polícia em Kenosha, discursa em Washington - Tom Brenner/Reuters

O departamento de polícia de Kenosha alegou que havia algemado Blake por conta de acusações anteriores contra ele.

A justificativa da polícia era de que as algemas são praxe em situações em que há um mandado de prisão aberto contra uma pessoa hospitalizada. As ordens judiciais foram canceladas nesta sexta, informou Cafferty. Policiais também deixaram de vigiar seu quarto.

“Nossa política diz que todas as pessoas presas fora da delegacia devem ser algemadas”, havia afirmado Eric Klinkhammer, do departamento de polícia de Kenosha, à BBC. ​

Para o governador do estado, o democrata Tony Evers, as algemas eram desnecessárias. "Ele já pagou um preço terrível, tendo sido baleado sete ou oito vezes pelas costas.”

A União Americana de Liberdades Civis (ACLU, na sigla em inglês), conhecida entidade de defesa dos direitos humanos nos EUA, pediu a renúncia do chefe de polícia da cidade, acusando-o de defender a “supremacia branca” e de demonizar “manifestantes que foram mortos exercendo seus direitos”.

Duas pessoas foram mortas e uma terceira ficou ferida por um adolescente branco na última quarta (26), terceira noite dos protestos na cidade contra a abordagem policial que feriu Blake.

O jovem de 17 anos carregava um fuzil e passou horas andando com a arma. Chegou a conversar com jornalistas antes de efetuar os disparos. O adolescente se entregou foi acusado de seis crimes, inclusive homicídio em primeiro grau, equivalente a homicídio doloso no Brasil, quando há intenção de matar.

O caso de Blake deu início a uma série de protestos antirracistas e contra a violência policial em Kenosha e em outras cidades dos EUA, pouco menos de três meses depois da onda de manifestações disparadas pelo assassinato de George Floyd —homem negro asfixiado por policial branco em Minneapolis em maio.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.