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Presidente da Câmara dos EUA interrompe recesso para votar proteção ao correio

Casa ficaria paralisada até setembro, mas democratas têm aumentado esforços para garantir segurança do serviço postal

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Washington | Reuters

A presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, a democrata Nancy Pelosi, decidiu interromper o recesso de verão no hemisfério norte para votar uma lei que proíbe mudanças em qualquer serviço prestado pelo correio americano desde 1º de janeiro deste ano.

Pelosi fez o anúncio por meio de uma carta enviada aos deputados neste domingo (16). Segundo um auxiliar democrata ouvido pela agência de notícias Reuters, a Casa deve retornar às atividades no próximo sábado (22).

A presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, durante entrevista coletiva
A presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, durante entrevista coletiva - Jim Watson - 13.ago.20/AFP

O recesso de verão do Congresso americano estava previsto para terminar em 8 de setembro. Os ataques recentes do presidente dos EUA, Donald Trump, à votação por correspondência, no entanto, fizeram com que democratas aumentassem os esforços para garantir a segurança do voto por correio.

A Covid-19 já matou quase 170 mil americanos e criou sérios desafios logísticos para a organização de grandes eventos, como o pleito de 3 de novembro. Por isso, a modalidade de votação ganhou os holofotes na disputa eleitoral deste ano.

Congressistas do Partido Democrata convocaram Louis DeJoy e Robert Duncan, diretor e presidente do correio americano, respectivamente, para testemunhar em uma audiência neste mês sobre uma onda de cortes que deixou as entregas mais lentas em todo o país.

A sessão no Comitê de Revisão e Reforma está marcada para 24 de agosto.

Nomeado em junho deste ano, DeJoy, que já doou US$ 2,7 milhões (R$ 14,5 milhões) para campanhas de Trump e de outros políticos republicanos, ordenou mudanças operacionais e uma redução na quantidade de horas extras que os funcionários podem fazer.

O objetivo é contornar os problemas financeiros da instituição, que relatou um prejuízo líquido de US$ 2,2 bilhões (R$ 11,8 bilhões) no último trimestre. As medidas causaram atrasos em entregas em todo o país, o que pode dificultar a votação por correspondência.

A situação alarmou legisladores e levou procuradores-gerais de ao menos seis estados a discutirem meios legais para interromper mudanças no serviço postal que pudessem afetar o pleito presidencial, de acordo com o Washington Post.

O jornal americano afirma que a discussão ocorre na Virgínia, na Pensilvânia, em Minnesota, em Massachusetts, em Washington e na Carolina do Norte.

“Vamos usar nossa autoridade para garantir que todo voto que possa ser aceito esteja seguro, protegido e seja contado em novembro”, disse Josh Shapiro, procurador-geral da Pensilvânia. “Não se engane, o presidente dos Estados Unidos está tentando enfraquecer a eleição.”

Os democratas têm reagido a declarações e atitudes recentes de Trump. Em entrevista coletiva em seu clube de golfe em Bedminster, no estado de Nova Jersey, neste sábado (15), o republicano afirmou que o “voto universal por correio será catastrófico e fará dos EUA uma piada no mundo”.

O presidente vem questionando essa modalidade de votação há meses e denunciando-a como uma possível fonte de fraude, embora milhões de americanos —incluindo grande parte das Forças Armadas— votem pelo correio há anos sem problemas.

Trump engrossou ainda mais as críticas ao dizer que o problema com o voto por correspondência é que nunca se saberá “quando a eleição terá terminado”. Defendeu também DeJoy, que chamou de “homem talentoso” que trabalha para “parar as enormes perdas que ocorreram por muitos, muitos anos”.

Em um movimento mais concreto nesta semana, o presidente bloqueou a proposta democrata de incluir no pacote de ajuda do novo coronavírus o envio de recursos ao serviço postal dos EUA.

Congressistas democratas rebateram e acusaram Trump de tentar prejudicar o correio e assim melhorar suas chances de ser reeleito, já que pesquisas de opinião mostram que o republicano enfrentará uma dura disputa contra o candidato da oposição, Joe Biden.

O presidente disse que seus negociadores resistiram aos pedidos dos democratas por verbas adicionais para a preparação das eleições presidenciais, legislativas e locais durante a pandemia de coronavírus.

"Os pontos da negociação são o correio e os US$ 3,5 bilhões [R$ 18,8 bilhões] para o voto por correspondência", disse Trump ao canal Fox Business, acrescentando que os democratas querem destinar US$ 25 bilhões (R$ 137,72 bilhões) ao serviço postal.

Posteriormente, o presidente americano recuou e disse que não vetaria uma lei que incluísse fundos para o serviço postal.

Já o chefe de gabinete da Casa Branca, Mark Meadows, disse à emissora de TV americana CNN, neste domingo, que o republicano concordaria em uma ajuda com valor entre US$ 10 bilhões (R$ 52,27 bilhões) e US$ 25 bilhões (R$ 137,72 bilhões).

Meadows também afirmou que a Casa Branca teme que um aumento exponencial na votação por correspondência atrase os resultados da eleição de novembro.

“Isso é um desastre no qual não saberemos os resultados em 3 de novembro e talvez não saibamos por meses", disse. "É problemático porque a Constituição diz que então Nancy Pelosi é quem de fato escolheria o presidente em 20 de janeiro.”

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior da reportagem converteu incorretamente o valor de US$ 25 bilhões para R$ 1,38 trilhão. De acordo com a cotação desta segunda-feira (17), a cifra corresponde a R$ 137,72 bilhões. O texto foi corrigido.

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