Descrição de chapéu Venezuela

Venezuela solta deputado da oposição após 751 dias

Juan Requesens é acusado de participar de suposto atentado contra Nicolás Maduro em 2018

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Buenos Aires

"MEU IRMÃO JUAN ESTÁ EM CASA." Foi assim, com maiúsculas, que a irmã do deputado opositor Juan Requesens, Rafaela, expressou sua euforia ao anunciar nas redes sociais, nesta sexta (28), a liberação do preso político que estava detido havia 751 dias pela ditadura de Nicolás Maduro.

Requesens foi acusado de integrar o suposto atentado contra Maduro em agosto de 2018, com um drone com explosivos. Desde então, permaneceu na temida prisão conhecida como o Helicoide, em Caracas, onde funciona também a sede do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (o Sebin).

"Os últimos dois anos foram um desafio enorme para mim e para a minha família. Um desafio que nenhuma pessoa deveria viver, porque ninguém deve ter um ser querido preso apenas por exigir que seu país viva em liberdade", afirmou Requesens ao deixar a prisão.

Conhecido por seus discursos efusivos e sua indignação clara ao manifestar-se contra o regime, Requesens, membro do partido Primeiro Justiça —o mesmo do ex-candidato à Presidência Henrique Capriles— é um símbolo para uma geração de jovens venezuelanos inconformados com a crise humanitária, econômica e política do país.

No começo de agosto, Requesens completou dois anos preso, e sua defesa e familiares alegavam violação de seus direitos parlamentares (foi preso mesmo tendo imunidade como deputado) e civis. Segundo eles, inúmeras irregularidades foram cometidas durante o processo e até agora não havia uma sentença formulada.

Requesens foi levado de sua casa, em Caracas, para o Helicoide, pouco depois do evento dos drones. Nunca mais saiu de lá.

Durante todo esse tempo, Rafaela tem sido a porta-voz do irmão. Segundo ela, Requesens sofreu torturas e abusos na prisão.

O deputado opositor venezuelano Juan Requesens protesta em frente à Suprema Corte venezuelana, em março de 2017 - Carlos Garcia Rawlins - 30.mar.2017/Reuters

Responsável pela defesa de Requesens, o advogado Joel García afirmou ter sido impedido de atuar durante as audiências.

O julgamento começou em novembro de 2019 e agora foi suspenso —Requesens está livre apenas enquanto o caso não é retomado. Enquanto estiver em liberdade, ele terá de informar seu paradeiro às autoridades e não pode deixar o país.

As autoridades venezuelanas dizem que a interrupção da prisão se deve à pandemia do coronavírus. Associações de parentes de presos políticos e de direitos humanos denunciam que há casos de contaminados no Helicoide e que não há recursos para cuidar deles.

"Estamos contentes? Sim, vocês também estariam. Mas temos muito claro que Juan não está livre ainda e nós não vamos deixar de lutar até que ele e toda a Venezuela o sejam", escreveu Rafaela no Twitter.

Apesar de celebrar a liberdade do irmão, ela afirmou que muitos venezuelanos não poderão dormir em suas casas e disse que não deixará de lutar por eles.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.