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Vice de Trump aposta no discurso da lei e da ordem e diz que EUA não estarão seguros sob Biden

Em convenção republicana, Mike Pence defende polícia e liga violência a protestos contra o racismo

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Washington

Na terceira noite da convenção republicana, nesta quarta-feira (26), o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, apostou no discurso da lei e da ordem para atacar Joe Biden e disse que os EUA não estarão seguros caso o democrata seja eleito em novembro.

Pence insistiu na narrativa que tem permeado o evento desde sua abertura, na segunda-feira (24), que liga o ex-vice de Barack Obama ao socialismo e à violência, em um apelo à base conservadora do governo Donald Trump.

No pronunciamento de quase 40 minutos, Pence investiu principalmente na questão dos protestos antirracismo e contra a violência policial, que ganharam novos e graves contornos nesta semana, após Jacob Blake, um homem negro morador do estado de Wisconsin, ter sido baleado pelas costas por um agente branco durante uma abordagem policial no domingo (23).

O vice-presidente americano, Mike Pence, em discurso em Baltimore durante a convenção republicana - Jonathan Ernst/Reuters

"O presidente Donald Trump e eu sempre apoiaremos o direito dos americanos ao protesto pacífico, mas tumultos e saques não são protestos pacíficos. Derrubar estátuas não é liberdade de expressão. E aqueles que o fizerem serão processados ​​em toda a extensão da lei", disse Pence diante de uma plateia em Baltimore, no estado de Maryland. "A verdade é que você não estará seguro nos EUA de Joe Biden."

Os protestos antirracismo e contra a violência policial tomaram o país em maio, após o assassinato de George Floyd, um homem negro que foi asfixiado por um policial branco em Minnesota.

Os atos, que ocorreram em todos os estados do país, haviam arrefecido, mas ganharam força nos últimos dias no estado de Wisconsin com o caso de Blake.

Trump tenta colar aos democratas —que apoiaram os protestos até agora— a imagem de anarquismo e vandalismo, apesar de as manifestações terem sido quase sempre pacíficas, com casos pontuais de violência e depredação.

Nesta quarta, Pence seguiu o mesmo roteiro e afirmou que, sob Trump, o governo americano "não vai tirar dinheiro da polícia nem agora nem nunca".

O corte de financiamento da polícia é uma demanda de parte dos ativistas antirracismo. Os protestos têm o apoio de Biden, que defende mudanças no sistema criminal para combater a violência policial contra os negros, mas o democrata não inclui o corte de financiamento da polícia em seu plano de governo.

"Deixe-me ser claro: a violência deve parar, seja em Minneapolis, Portland ou Kenosha. Muitos heróis morreram defendendo nossas liberdades para ver os americanos atacarem uns aos outros. Teremos lei e ordem nas ruas deste país para cada americano de cada raça, credo e cor", disse Pence.

A referência aos protestos antirracismo aconteceu no final do discurso de Pence, que também abordou valores conservadores como ações antiaborto, anti-imigração e protecionistas.

Nesta quarta, um adolescente branco de 17 anos foi preso sob suspeita de ter sido o responsável pelo assassinato de duas pessoas durante as manifestações em Kenosha. Em uma tentativa de conter a tensão na região, Trump anunciou o envio de mil integrantes da Guarda Nacional para a cidade, e o episódio ganhou contornos dramáticos.

A polícia ainda não explicou por que Jacob Blake, que tentava separar uma briga entre duas mulheres, foi atingido por quatro tiros em frente a seus filhos de 3, 5 e 8 anos. Blake, 29, ficou paralisado da cintura para baixo, segundo seu pai, e segue internado.

Este foi o segundo discurso de Pence na convenção que oficializou sua chapa ao lado de Trump à reeleição. Na abertura do evento, o vice já havia contrastado sua mensagem à da convenção democrata.

"Ouvi na semana passada que a democracia está nas cédulas. Mas acho que todos sabemos que é a economia que está nas cédulas", afirmou o vice republicano. Na convenção democrata, Biden afirmou que "decência, ciência e democracia estavam nas cédulas de votação deste ano".

Apesar de Pence dizer que Biden é um radical e será “um cavalo de Tróia da esquerda”, o ex-vice de Obama é um líder do establishment democrata e tem conduzido uma campanha de centro.

Em seu discurso, que fechou a terceira noite da convenção republicana, Pence fez ainda referência à pandemia que já deixou quase 180 mil mortos nos EUA e é o principal calcanhar de Aquiles da campanha de Trump. Ele é o chefe da força-tarefa da Casa Branca sobre o tema.

O vice disse que os EUA fizeram “a maior mobilização desde a Segunda Guerra Mundial” diante da crise, com a construção de hospitais e busca de tratamento e prometeu uma vacina até o fim do ano —ainda que a ciência não tenha essa solução.

Trump minimizou a crise sanitária no início e, depois, deu uma resposta errática e ineficaz para a pandemia que derrubou sua popularidade. Agora, ele conta com a mudança da narrativa para tentar reverter o cenário em que aparece atrás de Biden em todas as pesquisas nacionais e nos estados-chave.

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