Uma ex-assessora do vice-presidente americano, Mike Pence, acusou o presidente Donald Trump de não se importar com a pandemia do novo coronavírus mas apenas com sua própria reeleição. Ela endossou o adversário do republicano, o democrata Joe Biden, em um vídeo divulgado nesta quinta-feira (17).
O relato de Olivia Troye, assessora sênior de Pence para assuntos envolvendo segurança doméstica e contraterrorismo durante dois anos, ganha peso devido ao acesso que ela teve aos bastidores da Casa Branca durante a crise sanitária.
Ela atuou como a principal representante do vice-presidente na força-tarefa de enfrentamento ao coronavírus, liderada por Pence desde sua criação, em 30 de janeiro.
"Em meados de fevereiro, sabíamos que a questão não era se a Covid-19 se tornaria uma grande epidemia aqui, mas sim quando", diz Troye no vídeo.
"Mas o presidente não quis ouvir isso, porque sua maior preocupação era que estávamos em um ano eleitoral e como isso afetaria o que ele considerava ser seu histórico de sucesso."
Em uma reunião da força-tarefa, segundo a ex-assessora, Trump sugeriu que "talvez essa coisa da Covid seja uma coisa boa". "Não gosto de apertar a mão das pessoas. Não preciso apertar a mão dessas pessoas nojentas", disse o republicano, segundo relato de Troye.
A ex-assessora afirma que foi chocante ouvir o presidente dizer que o vírus era uma farsa e que tudo estava bem, "quando nós sabíamos que não estava".
"A verdade é que ele não se importa com ninguém além dele mesmo. Não importa o quão duro você trabalhe ou o que você faça, o presidente vai dizer algo que é prejudicial para a manutenção da segurança dos americanos, razão pela qual assumi este trabalho", diz Troye.
O vídeo foi publicado pelo grupo "Eleitores Americanos contra Trump", composto por apoiadores do Partido Republicano que se opõem à reeleição do presidente.
Segundo a CNN americana, Troye também integra a Aliança Política Republicana de Integridade e Reforma (Repair, ou "consertar", na sigla em inglês), que, segundo seu site, tem o objetivo de "se concentrar em um retorno à governança baseada em princípios na era pós-Trump".
O grupo é composto por conservadores e ex-funcionários seniores de governos republicanos, incluindo membros das gestões Ronald Reagan (1981-1989), George Bush (1989-1993), George W. Bush (2001-2009) e da própria administração Trump.
Organizações políticas de republicanos anti-Trump têm ganhado força nos EUA, sendo a mais conhecida delas o Projeto Lincoln, que abertamente faz campanha pela derrota do presidente.
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