Frente Ampla deve conquistar prefeitura de Montevidéu nas eleições regionais

Carolina Cosse, candidata da Frente Ampla ao lado de outros dois nomes, lidera pesquisas

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Buenos Aires

Apesar da alta popularidade do presidente Luis Lacalle Pou, a coalizão multicolor, como é conhecida a aliança pela qual governa, terá dificuldades para expandir seu poder neste domingo (27), nas eleições que escolhem prefeitos e representantes de comunas —municípios pequenos ou bairros de cidades grandes.

A Frente Ampla, dos ex-presidentes Tabaré Vázquez e José Mujica, é favorita nas cidades mais importantes do país, Montevidéu e Canelones, enquanto os multicolores buscam se consolidar no interior do país, onde o Partido Nacional, do qual o presidente faz parte, é tradicionalmente mais forte.

Diferentemente do pleito presidencial, nas eleições regionais os partidos podem apresentar mais de um candidato para um cargo. Ao final, o eleito será aquele que receber mais votos dentro da legenda.

Carolina Cosse, candidata pela Frente Ampla, durante comício em Montevidéu
Carolina Cosse, candidata pela Frente Ampla, durante comício em Montevidéu - Pablo Porciuncula - 9.set.20/AFP

Assim, na capital uruguaia, os frente-amplistas têm Carolina Cosse, que lidera as pesquisas, além do ex-candidato a presidente Daniel Martínez e o médico Álvaro Villar. Juntos, eles reúnem 54% das intenções de voto, de acordo com o instituto Equipos, o que daria a vitória aos centro-esquerdistas contra a coalização multicolor de Laura Raffo, na qual apenas ela é candidata.

"Montevidéu é muito frente-amplista. O eleitorado do partido se caracteriza por ser urbano, de classe média, com boa formação. A novidade, no caso, são as novas forças surgindo dentro do partido. Cosse está despontando, enquanto Martínez está se desgastando", diz a analista política Victoria Gadea.

"Na campanha, Cosse polarizou com Raffo, e isso fez com que ambas subissem nas pesquisas"

Cosse, 58, membro do Partido Socialista —um dos integrantes da Frente Ampla—, foi senadora, ministra da Indústria e presidente da Antel, a empresa estatal de telecomunicações do Uruguai. Já Raffo, 47, é economista e foi editora de economia do jornal El Observador. Tem o apoio direto de Lacalle Pou.

O surgimento de novos nomes na Frente Ampla, porém, não significa um racha na coalizão. O encerramento de campanha dos três candidatos ocorreu num ato conjunto, diante do estádio Centenário.

Internamente, claro, há preferências. Enquanto o ex-presidente Vázquez declarou apoio a Cosse, uma vez que ambos são socialistas, Mujica ficou ao lado de Villar, mais ligado à ala dos tupamaros.

"Essas eleições são interessantes para observar como a Frente Ampla e a coalizão multicolor estão se reorganizando para os desafios do pós-pandemia do Uruguai", diz o cientista político Daniel Chasquetti. "Um deles é a recuperação econômica [a previsão é que o país tenha um encolhimento de 3% do PIB em 2020], principalmente com um cenário de crise no Brasil e na Argentina."

A coalizão governista, por sua vez, encontra dificuldades para se manter unida. O primeiro tropeço foi a saída do governo de um dos líderes do Partido Colorado, Ernesto Talvi, ex-chanceler de Lacalle Pou. Agora, a legenda de ultradireita Cabildo Abierto, de Manini Ríos, vem ganhando influência na aliança.

"A coalizão sobrevive por conta da popularidade do presidente [73%, de acordo com o instituto Ipsos]. Mas é provável que, nas próximas eleições, esses cinco partidos acabem optando por ter candidatos próprios. Especialmente o Cabildo Abierto, que vem crescendo", afirma Chasquetti.

Outra questão importante do pleito de domingo é a realização da eleição em meio à pandemia, embora no Uruguai a crise sanitária esteja controlada. O país tem, até o momento, apenas 1.967 casos e 47 mortos, de acordo com dados compilados pela Universidade Johns Hopkins. Espera-se que muita gente se desloque para votar, e haverá protocolos para evitar filas e lotação nos centros de votação.

"O uruguaio tem essa relação com a cidadania que é muito particular, as pessoas gostam de votar no local onde nasceram, então não costumam mudar seu título de eleitor quando se mudam de cidade. Assim, espera-se muita movimentação no país no domingo, e as autoridades estão apreensivas", diz Gadea.

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