Justiça do Equador ratifica condenação e impede participação de Correa em eleição

Ex-presidente buscava se candidatar a vice no pleito marcado para fevereiro de 2021

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Buenos Aires

A Justiça do Equador ratificou nesta segunda-feira (7) a sentença por corrupção emitida em abril contra o ex-presidente Rafael Correa (2007-2017), tornando sua candidatura para as eleições presidenciais de fevereiro de 2021 definitivamente inviável.

Correa já não poderia concorrer a um quarto mandato como presidente devido à lei eleitoral do país, que permite apenas uma reeleição. Ele havia anunciado então a entrada na disputa como candidato à vice na chapa encabeçada por Andrés Araus, pela coalizão União Nacional para a Esperança (UNES), desvinculando-se do Alianza País, partido ao qual pertence o atual presidente equatoriano, Lenín Moreno.

A estratégia, inspirada na utilizada por Cristina Kirchner na Argentina, que candidatou-se a vice na chapa de Alberto Fernández, porém, já havia sido barrada na semana passada pelo tribunal eleitoral, uma vez que o ex-presidente não se apresentou pessoalmente para registrar a candidatura, como exige a lei.

O ex-presidente do Equador Rafael Correa durante entrevista concendida em Bruxelas, onde vive
O ex-presidente do Equador Rafael Correa durante entrevista concendida em Bruxelas, onde vive - Kenzo Tribouillard - 11.abr.19/AFP

Com ordem de prisão decretada, Correa permanece na Bélgica, onde vive desde que deixou a Presidência e país de origem de sua mulher. Assim, enviou a irmã, que o representa legalmente no Equador, para fazer a inscrição, mas o movimento não foi aceito.

Agora, com a ratificação da setença, nem mesmo disputar a vice-presidência será possível.

"Finalmente conseguiram. A sentença definitiva saiu em tempo recorde, apenas para me inabilitar como candidato. Não entendem que, com isso, vão apenas aumentar o apoio popular que tenho", afirmou Correa por meio de redes sociais.

A condenação a oito anos de prisão havia sido emitida em abril, mas ainda cabia recurso, que vinha sendo analisado pela Corte Nacional de Justiça (CNJ). O resultado foi divulgado no fim da tarde desta segunda.

Correa foi condenado sob a acusação de receber suborno de diversas empresas para a contratação de obras públicas, entre as quais a empreiteira brasileira Odebrecht.

Segundo o texto da sentença, o ex-líder equatoriano liderou "uma estrutura hierárquica de captação de empresas pelo Estado", e o valor desviado seria de US$ 7,5 bilhões (R$ 40,52 bilhões).

A condenação também se refere a valores de caixa dois recebidos de empresas que financiaram de modo ilegal as campanhas eleitorais do ex-presidente, no valor de US$ 6 bilhões (R$ 32,42 bilhões).

"Jamais permiti um suborno. Trata-se de perseguição política", disse Correa no tribunal, no qual foi ouvido por videoconferência.

Nesta segunda também foi ratificada a condenação do ex-vice-presidente Jorge Glas e as de outros 15 ex-funcionários e parlamentares, todos aliados do ex-líder equatoriano.

O atual presidente, Moreno, chegou ao cargo com o apoio de Correa. Hoje, porém, são inimigos políticos.

O governo equatoriano pediu à Interpol que prenda Correa no exterior, mas não há uma ordem de detenção internacional, uma vez que o ex-presidente mantém domicílio na Europa.

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