Ministro critica tentativa de envolver militares em processo contra presidente do Peru

Congresso peruano aprovou, nesta semana, pedido que pode levar a impeachment do mandatário do país

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Buenos Aires

O ministro da Defesa do Peru, Jorge Chávez Cresta, disse neste sábado (12) que os telefonemas realizados pelo presidente do Congresso, Manuel Merino de Lama, ao alto comando das Forças Armadas foram "imprudentes", "temerárias" e "vão contra a ordem democrática".

A revelação de que tal contato foi realizado foi publicada pelo site independente IDL-Reporteros.

Segundo o veículo, Merino teria tentado entrar em contato com o chefe do comando das Forças Armadas, César Astudillo, pouco antes de o congressista Edgar Alarcón levar ao Congresso, na quinta-feira (10), os áudios e o texto da moção de vacância contra o presidente Martín Vizcarra.

O movimento não é compatível com o rito institucional previsto pela lei.

O presidente peruano, Martín Vizcarra, durante um anúncio feito em setembro de 2010
O presidente peruano, Martín Vizcarra, durante anúncio feito em setembro de 2010 - Carla Patino/Presidência Peruana/AFP

Alarcón apresentou três áudios que serviriam como evidência de que um amigo de Vizcarra, o cantor e compositor Ricardo Cisneros, foi favorecido por contratos públicos com o Ministério da Cultura no valor de US$ 50 mil (cerca de R$ 266 mil).

No caso de afastamento de Vizcarra, é Merino quem assume a Presidência —uma vez que a segunda vice-presidente, Mercedes Araóz, renunciou durante a crise que levou o presidente a pedir o fechamento do Congresso em 2019.

A moção de vacância foi aprovada na noite da sexta-feira (12), e a sessão para a votação de uma possível destituição de Vizcarra está marcada para o próximo dia 18 de setembro.

Segundo o IDL-Reporteros, Astudillo teria respondido que estava num local sem boa conexão e que não poderia falar. Na sequência, desligou. Merino teria insistido, mas o militar não atendeu. Cresta, ministro da Defesa, afirmou que o chefe das Forças Armadas agiu corretamente, pois, depois, informou o Executivo.

Merino confirmou, neste sábado (12), ter tentado entrar em contato com o militar: "Quis apenas manifestar que o Congresso atuaria de maneira responsável e de acordo com a Constituição". "Estão tentando confundir a população insinuando que tentei envolver as Forças Armadas no processo. O presidente deve comparecer ao Congresso para explicar os áudios e não tentar evadir-se. Isso é o que importa."

O ministro da Defesa, por sua vez, classificou a atitude do presidente do Congresso como temerária, uma vez que tentou envolver as Forças Armadas num processo político, "do qual os comandantes devem se manter absolutamente à margem em respeito ao princípio não deliberante das Forças Armadas".

Ainda neste sábado, a ministra de Justiça e Direitos Humanos, Ana Neyra, disse que a atitude de Merino configura um "delito de sedição". Ela afirmou que o Executivo enviará uma demanda ao tribunal constitucional sobre o "mau proceder do Parlamento".

"O objetivo é estabelecer uma estratégia legal com a qual demonstraremos que o modo como o Congresso está interpretando a Constituição não é compatível com o sistema de governo de nosso país."

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