Na ONU, Macron, Erdogan e Putin criticam sanções ao Irã defendidas pelo governo Trump

EUA decidiram retomar punições ao Irã no sábado e querem convencer outros países a fazer o mesmo

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São Paulo | AFP e Reuters

O presidente francês, Emmanuel Macron, em discurso na 75ª Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira (22), reafirmou a discordância de França, Alemanha e Reino Unido em relação aos Estados Unidos quanto ao restabelecimento de sanções ao Irã.

Em suas falas, os presidentes Recep Erdogan (Turquia) e Vladimir Putin (Rússia) foram na mesma linha: defenderam o cumprimento do acordo nuclear de 2015, do qual Donald Trump tirou os EUA, o uso da lei internacional para resolver problemas relacionados ao pacto e criticaram o uso de sanções.

Emmanuel Macron, presidente da França, em discurso durante a 75ª Assembleia Geral das Nações Unidas - Reprodução/ONU no Youtube

No sábado (19), a Casa Branca anunciou a volta de uma série de sanções ao Irã que haviam sido retiradas com a assinatura do acordo nuclear. A decisão, no entanto, é considerada vazia, pois os EUA deixaram o trato em 2018, e os países que seguem no pacto defendem manter a suspensão das punições a Teerã.

"A França, com seus aliados alemães e britânicos, manterá a demanda pela implementação total e plena do acordo de Viena de 2015", disse Macron. "[Retomar as sanções] seria um atentado à unidade do Conselho de Segurança, à integridade de suas decisões e pode agravar ainda mais as tensões na região."

As sanções da ONU são estabelecidas e retiradas pelo Conselho de Segurança. Atualmente, 13 de seus 15 membros defendem manter a suspensão dos bloqueios, que impedem outras empresas e governos de fazer negócios com iranianos.

O governo Trump, porém, prometeu consequências a qualquer Estado membro da entidade que não respeitar as sanções. A ameaça é significativa: Washington promete negar acesso ao sistema financeiro e ao mercado americano caso alguém as desobedeça.

"A estratégia de pressão máxima [de Trump] não permitiu acabar com as atividades desestabilizadoras do Irã, nem garantir que o país não será capaz de se munir de uma arma nuclear", acrescentou Macron.

Erdogan, presidente da Turquia, também se posicionou a favor do acordo de 2015. "Nós defendemos a resolução de problemas referentes ao programa nuclear do Irã levando o direito internacional em consideração e por meio do diálogo e da diplomacia", disse o lider turco.

Nesta terça, Trump e Macron tiveram uma conversa telefônica para tratar da crise entre a Turquia e a Grécia, que disputam uma área do mar Mediterrâneo onde são feitas buscas por reservas de gás natural.

Ambos os países concordaram nesta terça em retomar conversas diretas sobre a questão, após quatro anos de afastamento. A data para o encontro, no entanto, não foi informada.

O presidente russo, Vladimir Putin, também corroborou as críticas às sanções. "Em geral, liberar o comércio mundial de barreiras, vetos, restrições e sanções ilegítimas seria de grande ajuda para fortalecer o crescimento global e reduzir o desemprego", disse, em seu discurso para a ONU.

Na fala, Putin enalteceu o projeto da vacina russa contra o coronavirus e disse estar aberto a cooperação internacional sobre o tema. "Estamos dispostos a compartilhar nossa experiência e a continuar interagindo com todos os Estados e as estruturas internacionais, incluindo a provisão para outros países da vacina russa, que tem provado a sua confiabilidade, sua segurança e eficácia", disse o presidente.

Putin garantiu que em breve celebrará uma "conferência online de alto nível com a participação de todos os países interessados na cooperação para o desenvolvimento de uma vacina contra o coronavírus".

A Rússia anunciou em agosto o desenvolvimento do que seria a primeira vacina contra a Covid-19, batizada de Sputnik V. No entanto, houve ceticismo na comunidade científica internacional, pois inicialmente poucos detalhes sobre essa pesquisa foram compartilhadas.

Segundo o governo russo, mais de 20 países já solicitaram a vacina, em um total de 1 bilhão de doses.

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