No pós-pandemia, Lisboa constrói ciclovias e dá até 500 euros para compra de bicicletas

Objetivo é evitar aglomerações sem aumentar número de carros

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Lisboa

Capital verde europeia de 2020, Lisboa saiu do confinamento imposto pela pandemia do novo coronavírus apostando no deslocamento por bicicletas.

Além de construir 16 novas ciclovias, a Câmara Municipal (equivalente à Prefeitura) criou um programa para subsidiar a compra de bicicletas.

Com ponte ao fundo, homem e menino seguram bicicletas
Homem e criança seguram bicicletas na beira do rio Tejo, em Lisboa - Lluis Gene - 15.ago.2020/AFP

Quem mora ou trabalha na capital portuguesa pode receber até 150 euros (cerca de R$ 980) para a compra de bicicletas convencionais, ou até 350 euros (R$ 2.288) para elétricas e 500 euros (R$ 3.270) para os modelos de carga.

O subsídio é pago na forma de reembolso, e as compras precisam ser feitas nas lojas que foram credenciadas no programa, que tem verba de 3 milhões de euros (cerca de R$ 18,9 milhões).

De acordo com o executivo municipal, o objetivo é permitir que os lisboetas se desloquem de maneira segura e com distanciamento social, sem precisar recorrer aos automóveis e ao transporte individual.

“Com este novo programa de apoio, que pretende promover uma mobilidade mais sustentável, será possível alcançar vários benefícios, que vão desde a melhoria da qualidade do ar, da redução de ruído e do congestionamento na cidade de Lisboa, à melhoria da qualidade de vida e saúde de quem aqui habita, trabalha, e nos visita. Paralelamente, queremos incentivar o uso da bicicleta no transporte individual e na mobilidade escolar”, disse a prefeitura, na ocasião do lançamento.

Desde junho, já foram instaladas mais de uma dezena de trechos de ciclovia à malha inicial pedalável de Lisboa, que era de 105 km. A meta é ter, até 2021, mais 95 km.

Para conseguir instalar de maneira mais rápida as ciclovias, a câmara municipal, comandada pelo socialista Fernando Medina, investiu no chamado modelo pop-up. Ou seja: transformando faixas de automóveis e vagas de estacionamento em áreas pedaláveis.

“Nós não escolhemos a pandemia que estamos vivendo, mas temos uma palavra a dizer sobre o futuro. Temos de agarrar este momento para fazer aquilo que ainda não foi feito”, disse Medina, no lançamento do projeto.

Uma das principais intervenções aconteceu na avenida Almirante Reis, que corta uma parte importante do centro de Lisboa. A movimentada via agora só tem uma faixa para carros, sendo a outra destinada às bicicletas.

Apesar de Lisboa ser conhecida como cidade das sete colinas, as ladeiras da cidade não parecem intimidar os ciclistas. Desde a inauguração das novas faixas, a adesão tem sido grande.

Morador de Lisboa há dois anos, o espanhol Ricardo Villa, 27, é um dos que comemoram a mudança.

“É meio aquela história de que basta ter um lago para os patos chegarem. Muita gente duvidava de que haveria quem usasse, mas a ciclovia está cheia, como pode se ver”, diz ele, apontando para a movimentação intensa sobre duas rodas.

Assim como as ciclovias de São Paulo, as faixas lisboetas enfrentam resistência por tirarem espaço de circulação de carros e vagas de estacionamento.

Uma associação de moradores do bairro de Arroios, que foi “atravessado” por uma das ciclovias pop-up, apresentou uma queixa contra o projeto. O grupo questiona as medidas de segurança e a legalidade da intervenção urbana.

Em outra frente, o Movimento Contra as Alterações de Trânsito afirma que as novas ciclovias teriam sido feitas sem planejamento suficiente, o que estaria gerando uma situação caótica no trânsito da cidade.

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