Polícia prende 19 pessoas após noite de protestos em Portland

Manifestantes pedem renúncia do prefeito; prédio abandonado pegou fogo

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São Paulo e Portland | Reuters

Em nova noite de protestos antirracistas, a polícia de Portland, no Oregon, prendeu 19 pessoas nesta segunda-feira (31), acusadas de perturbação da ordem pública e de interferir no trabalho policial.

Portland é uma das cidades que têm tido protestos frequentes e centenas de prisões desde a morte de George Floyd, homem negro morto por um policial branco em Minneapolis em maio.

Dois policiais fortemente armados estão lado a lado, e um deles está com a arma apontada para frente
Policial aponta arma de gás lacrimogênio para manifestantes durante protestos antirracistas em Portland - Nathan Howard - 30.ago.2020/AFP

A polícia usou gás lacrimogênio e cápsulas de pimenta contra cerca de 300 pessoas que protestavam em frente à casa do prefeito democrata, Ted Wheeler, contra o racismo e a violência policial.

A marcha começou de forma pacífica, mas alguns manifestantes puseram fogo em um prédio abandonado, e a polícia disse que usou força para permitir a entrada dos bombeiros.

Wheeler é criticado pela atuação da polícia de Portland, que está sob seu comando e tem dispersado manifestações de forma violenta —razão pela qual alguns grupos pedem sua renúncia.

O governo Trump pressiona o prefeito a permitir novamente a entrada de tropas federais na cidade para lidar com possíveis confrontos entre manifestantes. Em julho, Wheeler pediu que agentes federais saíssem da cidade, após acusações de abusos e violência contra manifestantes.

Alguns grupos culpam o prefeito também pela morte de um apoiador de Trump, Aaron Danielson, baleado durante um protesto. A polícia ainda investiga o caso.

Danielson participava de um grupo chamado Patriot Prayer, que faz parte de uma movimentação de manifestantes de direita e apoiadores do presidente, muitos deles armados, que chegaram a Portland recentemente para se opor a protestos antirracistas.

No domingo (30), Trump prestou homenagem a Danielson no Twitter.

O republicano demorou uma semana para se pronunciar sobre o caso de Jacob Blake, homem negro baleado pelas costas por policial branco em Kenosha, no Wisconsin, e que ficou paralisado da cintura para baixo. Na última sexta (28), o presidente disse que “não gostou” do que viu no vídeo da abordagem policial, mas que ainda aguardava relatórios sobre o caso.

Em entrevista coletiva nesta segunda, Trump sugeriu que Kyle Rittenhouse, o adolescente branco que matou dois manifestantes e feriu um terceiro na semana passada em Kenosha, teria agido em legítima defesa, e que “provavelmente seria morto” se não tivesse efetuado os disparos.

Imagens gravadas por testemunhas mostram o momento em que um grupo de manifestantes tenta desarmar Rittenhouse após ele ter atirado em um deles. O adolescente então faz disparos à queima-roupa contra seus perseguidores. Ele foi acusado de homicídio em primeiro grau, equivalente ao homicídio doloso no Brasil, quando há intenção de matar, e pode pegar prisão perpétua.

Trump visitou Kenosha nesta terça, apesar de repetidos pedidos do governador do Wisconsin e do prefeito da cidade para que não fosse, a fim de evitar acirrar ainda mais os confrontos. O republicano se encontrou com policiais e comerciantes e visitou locais que sofreram danos nos protestos.

O presidente não falou com familiares de Blake e disse em entrevista coletiva na segunda que desistiu do encontro após saber que o advogado da família estaria presente. O pai de Blake disse que se recusa a “fazer política com a vida do meu filho”, e um tio da vítima disse que a família não tinha interesse de se encontrar com Trump, a quem chamou de racista.

O caso de Blake deu novo fôlego para os protestos antirracistas nos EUA, que tiveram início com a morte de George Floyd, homem negro morto por um policial branco em Minneapolis em maio.

O candidato democrata à presidência, Joe Biden, disse nesta segunda (31) que Trump incentiva a violência, no que foi seu primeiro evento de campanha após ser escolhido por seu partido para disputar a Casa Branca.

No discurso em Pittsburgh, na Pensilvânia, Biden disse que o presidente “abriu mão de qualquer liderança moral neste país”, e que Trump “não é capaz de impedir a violência, pois a fomentou ao longo de quatro anos”.

O ex-vice de Barack Obama tenta se descolar da imagem dele apresentada durante a convenção do partido Republicano, na semana passada, quando Trump disse que os protestos “mostram o futuro” se o adversário fosse eleito.

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