Descrição de chapéu Venezuela

A menos de 50 dias da eleição, secretário dos EUA visita Brasil para atrair voto latino

Em Roraima, Mike Pompeo encontra imigrantes e acusa Maduro de 'fabricar crise' na Venezuela

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João Paulo Pires
Boa Vista | Reuters

A menos de 50 dias da eleição nos EUA, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, encontrou imigrantes venezuelanos nesta sexta-feira (18) em Boa Vista, em Roraima, para aumentar a pressão sobre o ditador Nicolás Maduro —um dos principais focos de ataque da campanha do republicano.

A parada de três horas fez parte de uma agenda em países da América do Sul, incluindo Suriname e Guiana, onde esteve com os mandatários recém-eleitos dos dois países, além de Brasil e Colômbia.

Com a visita, a Casa Branca busca reforçar a política externa de Washington para a região —Trump defende e aplica sanções contra o regime da Venezuela. Ao demonstrar disposição em defender um regime democrático no país caribenho, o republicano tenta conquistar os votos decisivos do eleitorado latino, principalmente da Flórida. “Nossa missão é garantir que a Venezuela tenha uma democracia", disse Pompeo.

O ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo (esq.), se encontra com o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, em Boa Vista
O ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo (esq.), se encontra com o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo (centro), em Boa Vista - Ederson Brito/Futura Press/Folhapress

Pompeo encontrou-se com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, e visitou o posto de triagem da Operação Acolhida em Roraima, parcialmente financiado pela Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional (Usaid).

O secretário culpou o ditador venezuelano por "fabricar uma crise" de proporções sem precedentes —mais de 5 milhões de venezuelanos já deixaram o país— e o chamou de “narcotraficante”.

Pompeo e Ernesto anunciaram ainda que Brasil e Estados Unidos não vão mudar de estratégia e continuam apoiando o autodeclarado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, líder que tem perdido relevância na oposição ao regime socialista.

Cada vez mais dividida e criticada pelos cidadãos venezuelanos, essa mesma oposição política do país encontra dificuldades na estratégia para retirar Maduro do poder.

O governo brasileiro e o americano não devem reconhecer as eleições legislativas no país caribenho, marcadas para 6 de dezembro.

O chanceler brasileiro negou também qualquer possibilidade de mediar uma conversa entre opositores e o governo venezuelano. “É um narcorregime associado às piores organizações criminosas. Não há uma relação de oposição e governo na Venezuela, e sim de oprimidos e opressores”, afirmou.

O ministro comentou ainda a recente decisão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de estender uma medida que zera o imposto de importação sobre o etanol americano.

A medida foi tomada na semana passada e cortou por 90 dias a taxa de 20% sobre 187,5 milhões de litros produzidos nos Estados Unidos. O ato foi criticado pelo setor no Brasil e é diretamente benéfico aos produtores americanos de milho, que apóiam Donald Trump.

“A concessão [da isenção fiscal] parece uma coisa estática, mas é dinâmica. O que fizemos foi estender uma porta para o etanol, iniciar um processo de negociação durante esses três meses e dar oportunidades também para o setor sucroalcooleiro do Brasil”, disse, sem especificar benefícios da medida para o Brasil.

Pompeo disse que a medida de zerar tarifas mostra uma “relação de parceria e amizade entre países que trabalham e prosperam juntos, e não apenas uma transação econômica”.​

Após a visita a Roraima, Pompeo seguiu viagem para Bogotá, na Colômbia, onde se reúne com o presidente colombiano, Iván Duque.

Com Reuters

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