O presidente do Líbano, Michel Aoun, recebeu duras críticas nas redes sociais na terça (8) após a revelação de que 1.600 quilos de chá doados pelo governo do Sri Lanka para vítimas da megaexplosão no porto de Beirute foram distribuídos entre as famílias de seus guarda-costas.
O Sri Lanka, como o Brasil, foi um dos vários países que ofereceram ajuda ao Líbano após o incidente em 4 de agosto que deixou 190 mortos, mais de 6.000 feridos e 300 mil desabrigados.
Quando questionado por jornalistas o que foi feito com a doação, o gabinete de Aoun disse que “o chá foi um presente recebido pelo Exército e distribuído para as famílias dos soldados na guarda presidencial”.
O presidente foi criticado no Twitter, em mensagens acompanhadas das hashtags “ladrão de chá” e “chá de Ceilão”. Paula Yacoubian, uma ex-deputada que renunciou após a explosão, disse que “o chá foi enviado aos libaneses, em especial aos afetados pela explosão". "É claro que não era um presente para quem não precisava. Distribuir mantimentos à sua comitiva é vergonhoso.”
O escândalo foi revelado um dia depois de o Exército anunciar que estava em posse de outro carregamento de ajuda humanitária que ainda não foi distribuído.
Em agosto, a Mauritânia enviou uma remessa de 12 toneladas de peixe ao Líbano, mas o alimento não foi entregue aos moradores de Beirute. Nesta segunda (7), o Exército disse que recebeu o peixe e o guardou “em um local seguro, de acordo com normas sanitárias”.
No Twitter, uma libanesa fez piada com a situação: “O palácio presidencial convida todos para um almoço de graça no domingo. Bufê aberto de peixe da Mauritânia e open bar de chá de Ceilão”.
Após a explosão, o Líbano enfrentou protestos contra o governo do primeiro-ministro Hassan Diab, que anunciou a renúncia coletiva de seu gabinete e prometeu novas eleições.
Os manifestantes também pediram a saída de Aoun após a revelação de que o político fora alertado do risco que o nitrato de amônio representava para Beirute duas semanas antes da tragédia.
Em 31 de agosto, Aoun nomeou um novo primeiro-ministro, o embaixador Mustapha Adib, eleito pelo Parlamento após um acordo mediado pelo presidente francês, Emmanuel Macron.
Adib prometeu reformas imediatas para garantir um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
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