A Armênia e o Azerbaijão se acusaram mutuamente neste domingo (18) de violar um cessar-fogo humanitário acordado horas antes devido a confrontos na região disputada de Nagorno-Karabakh, território localizado dentro do Azerbaijão, mas povoado e governado por armênios étnicos.
"As forças armênias violaram outro acordo, de maneira grosseira", disse o Ministério da Defesa do Azerbaijão, que mencionou disparos com artilharia e morteiros em ataques ao longo da frente de batalha.
Mais cedo, a Armênia já havia acusado os azeris de terem violado a trégua, a segunda em uma semana. O Exército de Nagorno-Karabakh também relatou um ataque pela manhã no sul, com mortes e feridos de ambos os lados. As infraestruturas civis e as casas não foram alvo dos disparos, no entanto.
O pacto acertado no sábado (17) entrou em vigor à meia-noite, depois que um cessar-fogo anterior, mediado pela Rússia, não conseguiu deter os piores combates no sul do Cáucaso desde 1994. Ao menos 750 pessoas foram mortas desde o início da nova onda de confrontos, em 27 de setembro.
Em Stepanakert, a capital da região separatista, a noite, assim como a manhã, foi tranquila, segundo um jornalista da agência de notícias AFP no local. A maioria dos moradores deixou a localidade, fugindo dos bombardeios, desde que os combates foram retomados.
Já na manhã deste domingo, o Ministério da Defesa azeri informou que a região de Aghdam, adjacente a Nagorno-Karabakh, estava sob bombardeio, o que a Armênia nega. Ierevan diz, por sua vez, que o Exército azeri realizou dois disparos durante a noite e acusou Baku de rejeitar o pedido de retirar os soldados feridos do campo de batalha, o que o Azerbaijão classificou de desinformação.
O cessar-fogo acordado no início do mês buscava permitir que os países trocassem prisioneiros e que os corpos de pessoas mortas nos confrontos fossem retirados, mas teve pouco impacto nos combates ao redor do enclave.
A nova trégua havia sido anunciada no sábado, depois que o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, conversou com seus colegas armênios e azeris por telefone e pediu aos lados que respeitassem o cessar-fogo que ele tinha mediado.
O Azerbaijão informou que, desde o início dos conflitos, 60 civis azeris foram mortos e 270 feridos, mas não divulgou as baixas militares. Nagorno-Karabakh afirma que 673 militares e 36 civis foram mortos.
A comunidade internacional teme a internacionalização do conflito, já que a Turquia apoia o Azerbaijão. A Armênia, que dá suporte financeiro e material aos separatistas, tem uma aliança militar com a Rússia.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, lamentou a violação da trégua e condenou os ataques.
"A União Europeia lamenta que, infelizmente, continuem as violações. Isso causa mais sofrimento aos civis", declarou. "A UE condena firmemente todos estes ataques, independentemente de sua origem."
O diplomata espanhol disse ter-se reunido com os chanceleres da Armênia e do Azerbaijão para lhes fazer compreender que o cessar-fogo deve ser incondicional e estritamente respeitado por ambas as partes. "Também destaquei que os ataques contra civis devem cessar imediatamente. Não há justificativa."
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