A China e o Vaticano decidiram prorrogar o acordo para nomeação de bispos da Igreja Católica no país asiático por mais dois anos. O trato, que expirava nesta quinta-feira (22), foi estendido por mais dois anos, anunciou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Zhao Lijian.
Pelo acerto, o governo chinês reconhece a autoridade do papa, que fica com a palavra final na indicação de bispos da China. Assinado há dois anos, o pacto solucionou provisoriamente uma questão que atrapalhava as relações diplomáticas havia décadas e que causou divisão entre católicos chineses.
Em 2018, o Vaticano aceitou sete bispos nomeados pelos chineses sem consentimento do papa, e a China reconheceu pela primeira vez a autoridade do pontífice como líder da Igreja Católica.
Até então, bispos e padres contavam apenas com o endosso da Associação Patriótica.
Estima-se que a China tenha cerca de 10 a 12 milhões de católicos, num total muito maior de cristãos, especialmente protestantes. Parte dos católicos segue a Associação Patriótica, com sua "igreja católica chinesa", e outra parcela, tradicionalmente leal ao Vaticano, reúne-se de maneira informal ou clandestina desde a Revolução Comunista em 1949 e a expulsão dos missionários estrangeiros do país.
Católicos mais conservadores acusam o Vaticano de ter se vendido a Pequim. O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, havia pedido para a Igreja não renovar o acordo.
"É necessário reconhecer que ainda existem diversas situações de sofrimento. A Santa Fé sabe disso, reconhece e não falhará em trazer os fatos à atenção do governo chinês no intuito de favorecer o mais frutífero exercício da liberdade religiosa", afirmou o documento oficial do Vaticano.
A Igreja em Hong Kong tem dito que católicos e cristãos na China enfrentam restrições —como a de não terem permissão para que crianças participem das cerimônias religiosas.
Muitos afirmam acreditar que a prorrogação do acordo deve levar a laços diplomáticos com Pequim, o que significa que o Vaticano teria de romper com Taiwan, a ilha que a China considera parte de seu território.
O Vaticano e a China romperam relações em 1951, dois anos depois da chegada dos comunistas ao poder e após o reconhecimento de Taiwan por parte da Santa Sé.
O ministro das Relações Exteriores da ilha afirmou que o acordo é apenas "uma extensão do original por mais dois anos e que mantém sua natureza experimental". O Vaticano, por sua vez, destacou diversas vezes que o trato com a China trata exclusivamente de questões da Igreja.
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