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China ameaça retaliar após EUA aprovarem venda de US$ 1 bi em mísseis para Taiwan

Ilha é considerada província rebelde por governo de Pequim, que pede fim de acordo com Washington

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Washington | AFP

O governo dos Estados Unidos anunciou a aprovação da venda a Taiwan de 135 mísseis de defesa Slam-ER, que têm capacidade de alcançar a China continental, por US$ 1 bilhão (R$ 5,6 bilhões).

Em meio a uma espécie de Guerra Fria 2.0 com a China, Washington também decidiu vender à ilha que Pequim considera rebelde lança-foguetes táticos por US$ 436 milhões (R$ 2,4 bilhões) e equipamentos de imagem para reconhecimento aéreo por US$ 367 milhões (R$ 2,05 bilhões), o que eleva o total dos contratos a US$ 1,8 bilhão (R$ 10 bilhões).

Helicópteros AH-64E, fabricados pelos EUA, durante exercício militar de Taiwan - Sam Yeh - 16.jul.20/AFP

A venda dos 135 mísseis "serve aos interesses econômicos e de segurança nacional dos Estados Unidos, ajudando Taiwan a modernizar suas Forças Amadas e a conservar uma capacidade de defesa confiável", afirmou o Departamento de Estado ao anunciar a decisão.

A China, que reivindica Taiwan como parte de seu território, pediu a Washington que anule a venda "para evitar maiores prejuízos às relações bilaterais, assim como à paz e à estabilidade no Estreito de Taiwan".

"A China dará uma legítima e necessária resposta a depender da evolução da situação", alertou o porta-voz da diplomacia chinesa, Zhao Lijian.

O míssil ar-terra Slam-ER tem alcance máximo de 270 km, superior à largura do Estreito de Taiwan que separa a ilha da China. Pequim ameaça regularmente recorrer à força em caso de proclamação formal de independência da ilha ou de intervenção estrangeira, especialmente americana.

Washington rompeu relações diplomáticas com Taipé em 1979 para reconhecer o governo da China continental, mas continua sendo o aliado mais importante da ilha e seu principal fornecedor de armas.

A China aumentou a pressão militar e diplomática sobre Taiwan desde a eleição em 2016 da presidente Tsai Ing-wen, que rejeita a visão de Pequim de que a ilha é parte de "uma só China".

Já os EUA buscam turbinar uma aliança anti-China no Oriente, com Japão, Austrália e Índia, no chamado grupo Quad. Mesmo que Donald Trump perca as eleições em novembro, a expectativa é a de que o democrata Joe Biden mantenha uma política dura com Pequim.

Assim, Taiwan é um ponto especialmente nevrálgico, por sua história e pelo que significa para o Partido Comunista chinês. Desde agosto, Washington enviou duas altas autoridades para a ilha, levando os chineses a ameaçarem militarmente Taipé, enviando aviões e navios em atitudes de confronto no estreito.

Taiwan vive de sua indústria de alta tecnologia e tem feito muitas compras militares dos americanos. De 2017 para cá, foram US$ 15 bilhões (R$ 84 bilhões) gastos, pouco mais do total despendido na década anterior a esse período.

Há ainda um megacontrato sendo negociado que pode custar até US$ 62 bilhões (R$ 347 bilhões) em dez anos com a compra de novos F-16.

O orçamento de defesa para 2021 cresceu 10% e chegou a US$ 15 bilhões (menos de 10% do que a China gasta, no entanto).

Os EUA lideram os gastos com defesa no mundo, com uma despesa quatro vezes maior do que a dos chineses, que ocupam o segundo lugar no ranking.

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