Para tentar conter a onda de protestos e saques que varrem a Filadélfia, no estado da Pensilvânia, a prefeitura da cidade anunciou nesta quarta-feira (28) um toque de recolher entre 21h (22h em Brasília) e 6h desta quinta (29) —a medida pode ser estendida nos próximos dias.
Milhares de pessoas têm ido às ruas desde segunda-feira (26), quando a polícia matou a tiros Walter Wallace, um homem negro de 27 anos que carregava uma faca.
Durante os atos, houve destruição de lojas e caixas automáticos. Mais de 170 pessoas foram detidas desde o início da crise, segundo a polícia, que contabilizou 53 agentes feridos e 17 viaturas danificadas.
A família de Wallace disse que ele tinha transtorno mental e que, no dia da ocorrência, chamou uma ambulância pelo serviço de emergência, mas quem atendeu ao chamado foi a polícia. Os familiares questionaram por que os agentes não usaram uma pistola de choque elétrico em vez de armas de fogo.
A morte de Wallace e os protestos na Pensilvânia, um importante campo de batalha para a eleição presidencial, colocaram mais combustível nas tensões entre republicanos e democratas.
"O que vejo é terrível, e o prefeito ou quem quer que seja que autoriza pessoas a se manifestar e saquear sem detê-las é igualmente terrível", disse o presidente Donald Trump durante comício em Las Vegas.
O prefeito, o democrata Jim Kenney, chamou a violência de "inaceitável" mas criticou o discurso do presidente. "Não comento coisas de Trump, temos muito o que fazer nesta cidade, não traz nada positivo."
Em um comunicado divulgado na terça (27), o candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, e a vice em sua chapa, Kamala Harris, disseram que estavam com "o coração destroçado" pela morte de Wallace. Também pediram aos manifestantes para protestar pacificamente.
As imagens do momento em que o homem negro é morto, com pelo menos dez tiros disparados por dois policiais, viralizaram. No vídeo, gravado com um celular, Wallace aparece empurrando sua mãe, que tenta controlá-lo. Depois, caminha na direção dos oficiais. "Largue a faca!", grita um dos agentes antes de atirar.
Em maio, a morte de George Floyd, um ex-segurança negro, em uma abordagem policial deu origem a uma série de protestos contra o racismo e a violência policial que se espalharam por todo o país. Floyd foi asfixiado por um policial branco que se ajoelhou durante quase nove minutos sobre o seu pescoço.
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