Milícias iraquianas concordam em cessar-fogo contra alvos americanos

Condição é de que governo do Iraque apresente cronograma de retirada de tropas dos EUA

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Bagdá | Reuters

Diversos grupos de milícias iraquianas apoiadas pelo Irã concordaram neste domingo (11) em suspender temporariamente ataques com foguetes contra as forças dos Estados Unidos no Iraque.

A condição do cessar-fogo é a de que o governo iraquiano apresente um cronograma para a retirada das tropas americanas, segundo Mohammed Mohi, porta-voz do grupo Kataib Hezbollah, uma das mais poderosas milícias apoiadas pelo Irã no Iraque.

As autoridades americanas culpam o Kataib Hezbollah por dezenas de ataques com foguetes contra instalações americanas no Iraque —no último ano, foram 80 investidas.

Soldado americano faz guarda em base militar em Taji, onde ficam estacionadas tropas americanas e iraquianas, a cerca de 30 km de Bagdá
Soldado americano faz guarda em base militar em Taji, onde ficam estacionadas tropas americanas e iraquianas, a cerca de 30 km de Bagdá - Ali Al-Saadi - 29.dez.14 /AFP

Mohi disse que o governo iraquiano deve implementar uma resolução parlamentar em janeiro, pedindo a retirada das tropas estrangeiras do país, mas que não há prazo para que os militares sejam expulsos.

"Se os Estados Unidos insistirem em ficar e não respeitarem a decisão do Parlamento, as facções usarão todas as armas à disposição", ameaçou.

Ele afirmou que o lançamento de foguetes contra forças dos EUA e representações diplomáticas foi uma mensagem de que eles não são bem-vindos no país e que ataques piores podem acontecer. Milícias menores e até então desconhecidas reivindicaram alguns dos ataques. Fontes de segurança iraquianas afirmam acreditar que elas estão ligadas ao Kataib Hezbollah e a outros grupos iranianos de maior porte.

O Iraque é palco da escalada da tensão entre Irã e EUA desde a morte do general iraniano Qassim Suleimani, em janeiro, no aeroporto de Bagdá. A ação que matou o principal comandante militar iraniano foi ordenada pelo presidente americano, Donald Trump.

No episódio, Abu Mahdi al-Muhandis, um líder iraquiano de milícias pró-Irã, também foi morto. Facções comandadas por Soleimani e Muhandis, incluindo o Kataib Hezbollah, juraram vingá-los.

Mas os grupos pró-Irã enfrentaram uma reação popular dos iraquianos, que os acusam de colocar a segurança do país em risco ao atacar os americanos. Washington, que está retirando lentamente seus 5.000 soldados do Iraque, ameaçou no mês passado fechar sua embaixada, a menos que o governo iraquiano controle as milícias alinhadas ao Irã.

Uma explosão na estrada atingiu um comboio no sul do Iraque neste domingo (11) —os veículos transportavam equipamentos para a coalizão militar liderada pelos EUA no país. Nenhum grupo assumiu a autoria do atentado e não houve vítimas. O saldo foi um pneu furado.

O Iraque é um dos poucos países com laços estreitos tanto com os EUA quanto com o Irã, que forneceram apoio militar para ajudar a derrubar combatentes do Estado Islâmico, derrotados em uma guerra de três anos depois de tomar um terço do território iraquiano em 2014.

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