Passageiras são forçadas a fazer exames íntimos após bebê ser encontrado em aeroporto no Qatar

Mulheres foram retiradas de aviões e obrigadas a provar que não haviam abandonado recém-nascido

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Doha | AFP

Após um bebê recém-nascido ser abandonado em um banheiro do aeroporto internacional de Doha, no Qatar, autoridades passaram a buscar passageiras e forçá-las a fazer exames ginecológicos para tentar descobrir quem era a mãe. Várias delas foram retiradas dos aviões, enquanto esperavam a decolagem.

O caso aconteceu no dia 2 de outubro, mas só foi revelado agora pela mídia australiana. Várias das passageiras interpeladas estavam em um voo da Qatar Airways que iria para Sydney.

As mulheres tiveram que desembarcar de diversos aviões e foram levadas para ambulâncias, nas quais passaram por exames para saber se haviam dado à luz recentemente.

Avião da Qatar Airways, em imagem de arquivo - Safin Hamed - 28.set.17/AFP

"Obrigaram as mulheres a passar por testes físicos, principalmente o exame de papanicolau, à força", declarou à AFP uma pessoa em Doha informada sobre uma investigação interna a respeito do incidente.

Um advogado australiano, Wolfgang Babeck, que era passageiro de um dos voos afetados, afirmou à agência de notícias que as mulheres submetidas aos exames retornaram ao avião em estado de choque, depois que foram obrigadas a ficar parcialmente nuas para os exames de uma médica.

"Todas estavam consternadas, algumas irritadas, uma chorava e ninguém conseguia acreditar no que tinha acabado de acontecer", disse Babeck, para quem o incidente pode representar violação do direito internacional. O Qatar segue a lei islâmica, que pune mulheres que ficam grávidas fora do casamento.

O aeroporto se limitou a afirmar que pediu às mulheres que participassem da iniciativa para localizar a mãe do bebê, que está vivo. "Os funcionários da área médica expressaram preocupação às autoridades do terminal sobre a saúde e o bem-estar de uma mãe que acabar de dar à luz e pediram que ela fosse localizada antes de viajar", disseram as autoridades, em comunicado.

Mesmo com os exames forçados, a mãe não foi encontrada. "O recém-nascido continua sem ser identificado, mas está bem de saúde e sob cuidados dos profissionais médicos e do serviço social", informou o aeroporto, que pediu ajuda a qualquer pessoa com informações sobre a origem da criança.

A ministra das Relações Exteriores da Austrália, Marise Payne, enfatizou nesta segunda-feira (26) a desaprovação de seu país. "Expressamos nossas preocupações de maneira muito clara às autoridades do Qatar", disse. A Polícia Federal da Austrália investigará o ocorrido. A companhia aérea Qatar Airways, por sua vez, recusou-se a comentar o assunto. O Qatar sediará a próxima Copa do Mundo de futebol, em 2022.

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