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Repique da Covid em estados-chave mina chances de reeleição de Trump

Tendência nesses locais tem sido de aumento discreto, mas constante, das intenções de voto em Biden

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São Paulo

Um grande problema para o republicano Donald Trump desde cedo nesta corrida presidencial, os efeitos da Covid-19 parecem consolidar o favoritismo de seu oponente, Joe Biden, nos últimos dias de campanha.

O vírus está tendo repique de casos em diversos estados-chave, que podem definir o vencedor da votação do próximo dia 3. A tendência nesses locais tem sido de aumento discreto, mas constante, das intenções de voto para o democrata Biden.

Trump tem defendido desde o início da pandemia que a economia não pode parar por causa da crise sanitária e que o governo não pode ser culpado pela disseminação do que ele chama de “vírus chinês”.

O discurso encontrou eco em parte significativa do eleitorado (sua aprovação não baixou dos 40%, segundo compilado de pesquisas), mas dois fatos recentes jogam contra o atual presidente.

Primeiro, ele próprio foi infectado, após promover reunião presencial na Casa Branca para anunciar a escolha da juíza Amy Coney Barrett para a Suprema Corte, o que foi visto como um evento superpropagador, pois autoridades, jornalistas e a primeira-dama também foram contaminados.

Para 65% dos americanos, Trump não teria se infectado se tivesse sido mais cuidadoso, segundo pesquisa da Reuters/Ipsos. Depois, o republicano chegou a tirar sarro da máscara que o rival vestiu durante o primeiro debate entre os dois, há um mês (“Nunca vi algo tão grande na minha vida”, disse).

O segundo golpe para Trump foi o repique da doença em muitos estados, nesta reta final da corrida, inclusive nos 16 considerados campos de batalha, onde a disputa é acirrada (nos demais 34 já se acredita saber quem irá vencer, dada a tradição nas votações).

Naquele mesmo debate, o republicano chegou a dizer que a Covid estava prestes a ser totalmente vencida no país. Mas os números traíram o presidente.

Na contabilização feita pelo jornal The New York Times, publicada nesta quinta (29), em 20 dos 50 estados os últimos sete dias foram os piores em novos casos de toda a pandemia.

A publicação informou que pacientes estão tendo de ser atendidos em hospitais de campanha em El Paso, no Texas, estado onde a disputa presidencial está aberta.

Ali, Trump tem 66% de chances de vencer, segundo previsão do site especializado em estatísticas FiveThirtyEight. Em agosto, essa chance de vitória republicana era maior, de 78%.

O governador de Wisconsin, o democrata Tony Evers, disse que o momento no estado é de “crise iminente, com risco para você e sua família”. A região é uma das que podem decidir a disputa, mas Biden já possui 93% de chances de vitória, 27 pontos a mais do que em agosto.

É difícil quantificar com exatidão o quanto a gestão da crise da pandemia por Trump joga a favor do favoritismo atual de Biden, que está com 89% de chances de vitória, estima o FiveThirtyEight.

Pesquisas de opinião, porém, indicam que o republicano tem sido mal avaliado nessa questão (os Estados Unidos são o país com mais mortes e casos no mundo).

Pesquisa nacional do Pew Research Center no começo deste mês mostrou que o combate à pandemia é o tema que mais divide potenciais eleitores de Trump e de Biden.

Entre os que mostram afinidade com o democrata, 82% disseram que o combate ao coronavírus é um assunto muito importante para a decisão de seu voto; entre os inclinados ao republicano, são apenas 24%.

Economia é um dos temas alçados como fundamentais pelos dois grupos (84% entre os pró-Trump, 66% entre os pró-Biden).

Ainda que seu eleitor típico não demonstre interesse em massa pela pandemia, esse quase um quarto de apoiadores que se importam muito com o combate ao vírus podem ser fundamentais, especialmente em estados em que a disputa está equilibrada.

Cruzando algumas pesquisas, aparentemente há eleitores que apoiam Trump, mas não aprovam a forma como ele lida com a pandemia. Sua desaprovação neste mês está na casa dos 53%, segundo os levantamentos compilados pelo FiveThirtyEight.

Já pesquisa da Reuters/Ipsos mostrou que a desaprovação específica sobre o combate ao vírus é maior, de 57%. Aqui também podem estar alguns pontos percentuais que podem abandonar o presidente e ser fundamentais para o resultado das urnas.

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