Uma semana após diagnóstico de Covid-19, Trump planeja evento na Casa Branca e comício

Sem informar se ainda está infectado, presidente americano retoma agenda de campanha na Flórida

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Washington

Uma semana depois de anunciar o diagnóstico de Covid-19, o presidente dos EUA, Donald Trump, prepara a retomada de sua campanha à reeleição. Primeiro, deve receber centenas de convidados nos jardins da Casa Branca no sábado (10) e, dois dias depois, realizar um comício na Flórida.

Não se sabe se o presidente ainda tem o vírus no organismo —o que tornaria grande o risco de contaminar outras pessoas ao seu redor nesses eventos. Ele disse à Fox News que faria exames nesta sexta (9), mas os resultados não foram divulgados.

O presidente dos EUA, Donald Trump, em vídeo publicado em sua conta no Twitter - Divulgação Casa Branca - 7.out.20/via Reuters

Aos 74 anos, o republicano suspendeu oficialmente a agenda pública a partir da sexta (2), quando informou sobre o diagnóstico, e chegou a passar três noites no hospital militar Walter Reed, onde recebeu, entre outros tratamentos, o coquetel experimental REGN-COV2 contra o coronavírus.

Na Casa Branca, Trump deve discursar de uma das varandas para possivelmente centenas de apoiadores —segundo um de seus assessores, todos os convidados usarão máscaras.

No evento de segunda-feira, ele deve encontrar eleitores num aeroporto em Sanford, na região central da Flórida, um estado crucial para sua tentativa de permanecer no comando do país. A campanha não informou se a aglomeração vai acontecer num hangar ou numa área totalmente ao ar livre.

Segundo a equipe do republicano, os participantes terão a temperatura aferida e serão estimulados a usar máscaras e limpar as mãos com álcool em gel.

O coronavírus tirou Trump de circulação num momento crítico da corrida presidencial —o democrata Joe Biden atingiu recordes 10,1 pontos percentuais de vantagem, segundo o compilado dos levantamentos nacionais feito pelo site especializado FiveThirtyEight. O ex-vice-presidente tem, nesta sexta, 52,1% das intenções de voto, contra 42% do republicano.

De acordo com a porta-voz da Casa Branca, Kayleigh McEnany, Trump já está trabalhando, mas não vai participar dos eventos se ainda estiver contaminado.

"Fiquem tranquilos, vamos nos certificar de que ele esteja em boa condição antes de sair", disse McEnany nesta quinta-feira (8). "Ele não estará lá [nos comícios] se puder transmitir o vírus."

Questionada sobre quais exames específicos poderiam liberar o presidente para retomar suas atividades de campanha, a porta-voz foi evasiva e disse que esse assunto deveria ser tratado com o médico da Casa Branca, Sean Conley.

Horas antes, Conley havia afirmado que Trump respondeu "extremamente bem" e previsto "o retorno seguro do presidente aos compromissos públicos" neste sábado.

Segundo o médico, o quadro do presidente se manteve estável desde que ele retornou à Casa Branca, na segunda (5). Ele disse ainda que o republicano já concluiu o tratamento e não sofreu efeitos colaterais das drogas.

"Desde que voltou para casa, seu exame físico permaneceu estável e sem qualquer indicação que sugira progressão da doença", afirmou Conley.

"Sábado será o décimo dia contado desde o diagnóstico de quinta-feira [1º], e, com base na trajetória de diagnósticos avançados que a equipe vem conduzindo, prevejo o retorno seguro do presidente aos compromissos públicos nesse dia", disse.

Nem o médico nem outras figuras do entorno de Trump, entretanto, confirmam se o republicano teve resultado negativo em novos testes de detecção do vírus.

Pelo menos 20 pessoas do entorno presidencial já foram infectadas pelo vírus.

Na quarta-feira (7), Trump publicou um vídeo em suas redes sociais chamando de "cura" sua recuperação e prometendo a todos os americanos o mesmo tratamento que ele recebeu.

Entre outros medicamentos, o republicano tomou o coquetel REGN-COV2, produzido pela farmacêutica Regeneron e que faz parte de um grupo de drogas conhecidas como "anticorpos monoclonais".

O medicamento ainda está sendo usado de forma experimental, mas é considerado o tratamento mais promissor para a Covid-19, já que antivirais como o remdesivir e substâncias como a cloroquina e a ivermectina trouxeram pouco benefício aos pacientes.

"Foi inacreditável, me senti tão bem três dias atrás como me sinto agora", disse o presidente, falando de pé nos jardins da Casa Branca. "Eu chamo isso de cura! É mais importante para mim do que a vacina."

Os anticorpos monoclonais são cópias sintéticas de anticorpos humanos que agem contra o vírus e que estão sendo estudadas para uso em pacientes nos estágios iniciais da doença.

Trump disse que está esperando uma autorização de uso emergencial do medicamento pelas agências reguladoras, afirmou que as farmacêuticas Regeneron e Eli Lilly já produziram muitas doses do remédio e prometeu que ele será distribuído de graça.

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