Os pontos de votação em Doral, na Flórida, estavam com pouca fila na manhã desta terça (3). A cidade, na região de Miami, reúne a maior comunidade de venezuelanos dos Estados Unidos.
O aposentado José Homero El Calante acordou cedo para participar de sua primeira eleição. “Votei no Trump, pois já é conhecido. Eu espero que ele possa abrir a imigração aos venezuelanos que querem vir para trabalhar”, contou ele, que vive há 12 anos na Flórida.
Sem revelar o nome, a mãe de Verônica disse que, desta vez, o republicano não a convenceu. “Na última eleição, votei no Trump, mas dessa vez estou com Biden”.
Por outro lado, a enfermeira Daphne Cavalieri, 28, aposta no democrata Joe Biden para ajudar os venezuelanos e demais imigrantes. “Eu espero que Biden acabe com a separação de famílias." Ela diz esperar por mudanças. “Não estou feliz em como o Trump vem lidando com a pandemia. Acho que Biden tem condições de trazer pessoas mais bem preparadas para ajudar."
Cláudia Ahrens, venezuelana que vive há 25 anos na região de Miami, também não quis revelar seu voto, mas diz ter certeza que Trump irá vencer. “Ele não é muito educado, mas é um bom homem de negócios”, analisa a influenciadora digital, que disse não esperar nenhuma ação do atual presidente para melhorar a situação dos venezuelanos no país.
A Flórida concentra 52% da comunidade venezuelana nos Estados Unidos. Segundo levantamento do Pew Research Center, de 2008 a 2018, o número de venezuelanos aptos a votar cresceu 184% no estado da Flórida, mas ainda representa uma pequena fatia do eleitorado latino do estado: 2%.
“Eu votaria mesmo que tivesse que enfrentar um exército armado”, afirmou a Alma Cristóbal, 63, de família cubana. Acompanhada pela filha e pelo marido, a empresária compareceu ao local de votação usando uma bandana de Trump como máscara. “Ele vai trazer a economia de volta assim que a pandemia passar.” Segundo a família, o voto no republicano é um ato contra o socialismo.
A comunidade cubana já ultrapassa 1,6 milhões de pessoas, representando 7,4% da população da Flórida e um quase um terço dos latinos do estado.
Há 20 anos nos Estados Unidos e votando pela primeira vez, o empresário italiano Sérgio Falo, 62, votou por uma mudança. “Eu espero mais paz. O país está muito violento, não quero que minhas filhas cresçam em um país assim.” Filha de espanhóis, a estudante Maria Diaz, 24, também prefere Biden. “Espero que ele ajude as minorias.”
Entre os americanos, a opinião também ficou dividida. Kevin Puricelli, que votou na Flórida, mas é natural do Missouri, disse que o voto é “para tirar o Trump”. David Franklin, por sua vez, foi ao local de votação em Miami para repetir o voto de 2016. “Donald Trump tem que vencer. Não dá para fechar o país por causa da pandemia, as pessoas estão quebradas.”
O ator Ryan Nirz, 46, preferiu dedicar o dia a convencer as pessoas a comparecerem às urnas. Com uma fantasia de lobo, ele balançava uma placa com os dizeres “vote!” em um dos pontos de votação na região de Miami. “Nós devemos votar! Essa é a minha mensagem”, contou o americano, que fez atos como esse em Nova York em eleições passadas.
Já a brasileira Daniele Handley, 42, votou em Trump. Ela contou que já foi apoiadora do partido democrata e votou em Barack Obama em eleições anteriores. Em 2016, ela se ausentou, mas hoje votou "contra a possibilidade de o país virar comunista". A enfermeira, que vive na Flórida desde 1991, diz que se decepcionou com os democratas, mas sabe que "Trump não é perfeito".
Em Miami e região, o movimento desta terça-feira de eleição foi calmo, com filas apenas no início da manhã. A Flórida é um dos estados que permitem a votação antecipada. Até o dia 2 de novembro, mais de 8,7 milhões de cédulas já haviam sido recebidas —o que significa que cerca de 65% dos eleitores do estado votaram por correio ou antecipadamente.
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