Descrição de chapéu machismo

Criticado por sexismo, dicionário britânico altera verbetes sobre mulher

Editora retira exemplos considerados discriminatórios após petição e agora revisa termos que envolvem questão racial

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Bruxelas

O dicionário Oxford de inglês, um dos mais vendidos e reputados do mundo, atualizou definições consideradas preconceituosas ou sexistas. No verbete “Mulher”, por exemplo, as acepções “esposa de um homem” ou “amante de um homem” passaram a ser simplesmente esposa ou amante, para contemplar a possibilidade de casais homoafetivos.

Mudança semelhante foi feita para os homens, que agora podem ser “maridos”, e não apenas de uma mulher.

O pedido de alterações de linguagem considerada sexista havia sido feito no ano passado e reforçado em março deste ano por um abaixo-assinado com mais de 30 mil participantes, encabeçado pela ativista Maria Beatrice Giovanardi, de Londres.

Prédio cercado por jardins
A Universidade Oxford, cuja editora anunciou revisões em verbetes apontados como sexistas - Matthew Childs - 6.out.2020/Reuters

A petição classificava como “completamente inaceitáveis” verbetes do dicionário que indicavam mulher como sinônimo de “bitch” (cadela) e “wench” (prostituta, embora possa ser traduzido como moça).

Em resposta, a editora da Universidade Oxford afirmou que já estava revisando os termos que envolviam as palavras mulher e menina. A mudança foi confirmada pela empresa com exclusividade ao jornal britânico The Telegraph, neste sábado (7).

Na época do abaixo-assinado, a editora da Universidade Oxford havia argumentado que "os dicionários refletem, em vez de ditar como a língua é usada”, e que fornecia “uma representação precisa da língua, mesmo quando isso significa registrar os sentidos e exemplos de uso de palavras que são ofensivas ou depreciativas, e que não necessariamente usaríamos por nós mesmos ".

As feministas rebateram afirmando que definições e verbetes com a palavra “homem” tinham significados muito menos negativos, e condenaram frases de exemplo que apresentavam as mulheres como objeto sexual, gênero inferior ou fonte de irritação para os homens, como “Não seja tola, mulher!” ou “Por Deus, mulher, pode me ouvir?!”.

A nova revisão, segundo a editora, também alcançou outras palavras que pudessem ter implicação sexista, como “trabalho doméstico”, e assegurou que sinônimos ou sentidos ofensivos fossem claramente rotulados como tais e "incluídos apenas quando há evidências de uso no mundo real".

O termo “wench”, por exemplo, deixou de ser apresentado como sinônimo de mulher. Mas “bitch” foi mantido, ainda que rotulado como ofensivo, o que frustrou Giovanardi. Segundo ela, apresentar esse termo como sinônimo de mulher foi o principal motivo da revolta que levou ao abaixo-assinado.

A editora afirmou que a nova versão incluiu termos positivos para mulheres, como “mulher do momento” e “mulher do jogo”, e frases de exemplo como “com esse dinheiro, uma mulher pode comprar uma casa e colocar dois filhos na faculdade”.

Alterações no dicionário são comuns, principalmente para incluir novas palavras, completar ou atualizar significados, como mostra o blog da editora sobre o Oxford. Em setembro deste ano, mais de 650 palavras, subentradas e revisões foram adicionadas à versão para a língua inglesa,.

A pandemia de Covid-19 levou à inclusão de termos como distanciamento social e autoisolamento, entre outras.

​O dicionário está avaliando também termos, definições e frases ligados a questões raciais.

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