Furacão Iota destrói 98% da infraestrutura da ilha de Providência, na Colômbia

Tempestade também deixou mortos e devastação na América Central

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Bogotá | AFP e Reuters

O furacão Iota, de categoria 5, deixou um morto e causou graves danos à ilha colombiana de Providência, atingida na segunda-feira (16). "Estamos falando em uma deterioração de 98% da infraestrutura da ilha", informou o presidente da Colômbia, Iván Duque, numa rede social.

Imagem aérea da ilha de Providência, na Colômbia, após passagem do fucarão Iota
Imagem aérea da ilha de Providência, na Colômbia, após passagem do furacão Iota - Divulgação

Com cerca de 6.000 habitantes, a ilha é o território colombiano mais afetado pelo Iota na passagem pelo Caribe rumo à América Central. Segundo autoridades, há dificuldade de comunicação com os moradores.

O hospital da ilha perdeu parte do teto, e o arquipélago (que reúne as ilhas de San Andrés, Santa Catalina e Providência) está sem luz, segundo o coronel John Fredy Sepúlveda, comandante da polícia local. Diversos turistas estão presos em suas hospedagens, acrescentou ele.

Na manhã desta terça (17), o Iota chegou a estar a 38 km de Providência, que se mantém em alerta pela possibilidade de fortes ventos e ondas de mais de 3 metros, segundo o boletim mais recente do Instituto de Hidrologia, Meteorologia e Estudos Ambientais (Ideam).

O instituto recomendou que os habitantes da ilha "tomem medidas extremas" de precaução.

Boia de sinalização náutica é vista em praia na ilha de San Andrés, na Colômbia, após passagem do furacão Iota
Boia de sinalização náutica é vista em praia na ilha de San Andrés, na Colômbia, após passagem do furacão Iota - Liana Florez/AFP

O furacão se dirige a 15 km/h para Honduras e Nicarágua, áreas devastadas pelo ciclone Eta há duas semanas. Além de suspender a atividade nas praias, órgãos anunciaram o fechamento do aeroporto que atende Providência e um toque de recolher na vizinha San Andrés até a madrugada desta terça-feira.

A Colômbia enfrenta uma forte temporada de chuvas em todo o país que já deixou cinco mortos, 16 desaparecidos e milhares de desabrigados.

Devastação na América Central

O furacão causou enchentes torrenciais na América Central nesta terça-feira (17), fazendo com que rios transbordassem, derrubando telhados, postes de eletricidade e árvores, e deixando ao menos dois mortos na região.

A tempestade, a mais forte já registrada a atingir a Nicarágua, chegou ao litoral do país na noite de segunda com ventos de quase 249 km/h e inundou aldeias que ainda se recuperam do impacto do furacão Eta.

Por volta das 15h em Brasília, os ventos caíram para 105 km/h enquanto o Iota se tornava uma tempestade tropical, segundo o Centro Nacional de Furacões dos EUA (NHC). Mas o fenômeno continuou trazendo fortes chuvas enquanto se movia para o interior da Nicarágua e em direção ao sul de Honduras.

“Estamos inundados por toda parte, a chuva durou quase toda a noite e agora para por uma hora e volta por 2 ou 3 horas”, disse Marcelo Herrera, prefeito de Wampusirpi, município no nordeste de Honduras atravessado por rios e córregos.

"Precisamos de comida e água para a população porque perdemos nossas safras com o Eta", disse ele.

O Iota marcou a primeira vez que dois grandes furacões se formaram em novembro na bacia do Atlântico desde o início dos registros. O porto nicaraguense de Puerto Cabezas, ainda parcialmente inundado e repleto de destroços deixados pelo Eta, mais uma vez sofreu o maior impacto.

Moradores assustados estão amontoados em abrigos. "Nós poderíamos morrer", disse uma delas, Inocencia Smith. "Não há nada para comer."

Homem usa máscara enquanto anda por praia no bairro de Bilwi, na cidade de Puerto Cabezas, uma das mais atingidas pela passagem do Iota na Nicarágua
Homem usa máscara enquanto anda por praia no bairro de Bilwi, na cidade de Puerto Cabezas, uma das mais atingidas pela passagem do Iota na Nicarágua - 16.nov.20/AFP

O vento arrancou o telhado de um hospital improvisado. Pacientes em tratamento intensivo foram evacuados, incluindo duas mulheres que deram à luz durante as primeiras chuvas na segunda-feira, afirmou o governo.

Guillermo Gonzalez, chefe da agência de gestão de desastres da Nicarágua, disse ter recebido relatos de danos a casas e telhados, quedas de linhas de transmissão e rios transbordando, mas nenhuma morte.

Ao contrário de seus vizinhos, a Nicarágua não registrou vítimas fatais do Eta, embora a mídia local disse que a tempestade matou pelo menos duas pessoas ali, além de dezenas em toda a América Central.

O governo do Panamá disse que uma pessoa morreu na região oeste de Ngäbe-Buglé por causa da passagem do Iota.

Um morador de Brus Laguna, na costa hondurenha, disse à rádio local que um menino foi morto pela queda de uma árvore, embora a prefeita Teonela Wood tenha afirmado que não há relatos de mortes.

A Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV) disse que o Iota se arriscava a causar um desastre após o Eta.

"Estamos muito preocupados com o potencial de deslizamentos mortais nessas áreas, já que o solo está completamente saturado", disse o porta-voz da FICV, Matthew Cochrane, em entrevista coletiva em Genebra, na terça-feira.

Cerca de 40 mil pessoas na Nicarágua e 80 mil em Honduras foram evacuadas de suas casas, disseram as autoridades.

No início da tarde, o Iota estava cerca de 169 km a leste da capital hondurenha, Tegucigalpa, segundo o NHC.

O órgão afirmou que a tempestade pode despejar até 76 cm de chuva em algumas áreas, agravando os danos causados ​​pelo Eta.

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