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G20 afirma que não poupará esforços para acesso global à vacina contra a Covid-19

Merkel disse, porém, estar 'preocupada porque nada foi feito ainda' de concreto

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Riad (Arábia Saudita) e Dubai | AFP e Reuters

Líderes das 19 maiores economias do mundo e da União Europeia prometeram neste domingo (22) não poupar esforços para fornecer medicamentos e vacinas contra Covid-19, além de testes, de maneira acessível e justa para "todas as pessoas", um reflexo da preocupação de que a pandemia possa aprofundar as divisões entre ricos e pobres do mundo.

"A pandemia de Covid-19 e seu impacto sem precedentes em termos de vidas perdidas, meios de subsistência e economias afetadas são algo sem paralelo que revelou vulnerabilidades em nossa preparação e resposta e ressaltou nossos desafios comuns", disse o comunicado final.

Montagem de fotos dos líderes do G20 é projetada no Palácio Salwa, em At-Turaif, um dos locais classificados pela Unesco como patrimônio cultural da humanidade na Arábia Saudita
Montagem de fotos dos líderes do G20 é projetada no Palácio Salwa, em At-Turaif, um dos locais classificados pela Unesco como patrimônio cultural da humanidade na Arábia Saudita - Nael Shyoukhi - 20.nov.20/Reuters

As nações do G20 trabalharão para "proteger vidas, fornecer apoio com foco especial nos mais vulneráveis ​​e colocar nossas economias de volta no caminho de restaurar o crescimento, assim como proteger e criar empregos para todos".

Sobre vacinas, testes e tratamentos, os líderes disseram que não pouparão esforços para garantir o acesso equitativo e acessível para todas as pessoas.

No entanto, o Center for Global Development calcula que os países ricos já reservaram 1,1 bilhão de doses da vacina desenvolvida por Pfizer/Biontech, uma das mais avançadas, de um total de 1,3 bilhão de doses previstas para serem produzidas no ano que vem.

Em sua declaração, o G20 não menciona os US$ 28 bilhões, incluindo US$ 4,2 bilhões de emergência, exigidos pelas organizações internacionais para combater a pandemia.

A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou neste domingo estar "preocupada porque nada foi feito ainda" de concreto para garantir vacinas para os países mais pobres.

Falando de Nova York um dia antes da cúpula, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou aos líderes que assegurem a disponibilização das vacinas a pessoas de todo o mundo, não apenas aos países ricos que já reservaram grande parte do fornecimento dos imunizantes.

Ele também ressaltou a importância de mais contribuições para que isso seja feito, além dos US$ 10 bilhões já investidos. “Este financiamento é fundamental para a fabricação em massa, aquisição e entrega de novas vacinas e ferramentas contra a Covid-19 em todo o mundo”, disse Guterres. “Os países do G20 têm os recursos.”

O vírus transformou a cúpula anual: o evento que deveria permitir que a Arábia Saudita hospedasse as grandes potências mundiais virou um grande webinar. A mudança privou o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, 35, filho do rei e governante de fato do reino, a oportunidade de se relacionar com outros líderes globais, o que poderia ter ajudado a melhorar sua reputação internacional.

A Arábia Saudita e o príncipe MbS, como é conhecido, enfrentaram duras críticas pela intervenção militar saudita no Iêmen, pela prisão de manifestantes pacíficos e pelo assassinato do jornalista dissidente Jamal Khashoggi, em Istambul, em 2018.

Os críticos ao regime saudita pressionaram os membros do G20 a boicotar a cúpula ou usar a plataforma para falar sobre direitos humanos. Nenhum fez. Diplomatas disseram que a reunião era importante demais para não participar, mas que muitas vezes questionavam de forma privada com os líderes sauditas a conduta do reino em relação a direitos humanos.

O comunicado final da cúpula também abordou os desafios econômicos enfrentados pelos países. A economia mundial sofreu uma forte contração neste ano por causa de ações adotadas para conter a propagação do vírus que restringiram o transporte, o comércio e a demanda em todo o planeta.

"Há um reconhecimento claro do G20: se deixarmos qualquer país para trás, todos ficaremos para trás", disse o ministro das Finanças saudita, Mohammed al-Jadaan, na entrevista coletiva de encerramento.

O rei saudita Salman bin Abdulaziz Al Saud, 84, disse que o grupo "adotou políticas importantes de recuperação que levarão a uma economia resiliente, sustentável, inclusiva e equilibrada".

Os líderes do G20 afirmaram que, embora a atividade econômica global tenha se recuperado parcialmente graças à reabertura gradual de alguns países e setores, a recuperação foi desigual e altamente incerta.

Eles reafirmaram seu compromisso de usar "todas as ferramentas políticas disponíveis, pelo tempo que for necessário" para proteger vidas e empregos.

O Brasil presidiu a cúpula do G20 de 2008, no segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva e durante o ano marcado pela crise financeira internacional —o país voltará à posição em 2024, após 16 anos.

Com NYT

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