Descrição de chapéu Diplomacia Brasileira

Há 4 dias sem reconhecer Biden, Bolsonaro diz que precisa 'ter pólvora' contra sanção por causa da Amazônia

Presidente disse que há 'malandros' de olho na riqueza do país e que não é 'preciso usar a pólvora, mas saber que tem'

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Brasília

Sem reconhecer a vitória do democrata Joe Biden nas eleições presidenciais dos Estados Unidos há quatro dias, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta terça-feira (10) que "tem que ter pólvora" para fazer frente a candidato a chefe de Estado que quer impor sanção por causa da Amazônia.

"Todo mundo que tem riqueza não pode dizer que é feliz, não, tem que tomar cuidado com a riqueza, porque está cheio de malandro de olho nela. E o Brasil é um país riquíssimo", disse o presidente.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante lançamento de programa para o turismo
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante lançamento de programa para o turismo - Evaristo Sá/AFP

"Assistimos há pouco a um grande candidato à chefia de Estado dizer que, se eu não apagar o fogo da Amazônia, levanta barreiras comerciais contra o Brasil. E como é que podemos fazer frente a tudo isso? Apenas a diplomacia não dá, não é, Ernesto [Araújo, chanceler]? Quando acaba a saliva, tem que ter pólvora, senão não funciona", continuou Bolsonaro.

Bolsonaro não citou Biden, presidente eleito dos EUA. Durante o primeiro debate presidencial com Donald Trump, então candidato à reeleição, Biden disse que "a floresta tropical no Brasil está sendo destruída".

O democrata afirmou que poderia impor sanções ao Brasil e mobilizar até US$ 20 bilhões (R$ 108,4 bilhões) para ajudar na proteção da Amazônia. À época, Bolsonaro classificou a fala como lamentável.​

Nesta terça, o presidente brasileiro afirmou que o Brasil não tem apenas riquezas minerais, mas campos agricultáveis e regiões turísticas. "Não precisa nem usar pólvora, mas tem que saber que tem. Esse é o mundo. Ninguém tem o que nós temos."

O presidente disse ainda que é preciso "fortalecer" o Brasil, "liberando a economia, o livre mercado". "Dando liberdade para quem quer trabalhar, não enchendo o saco de quem quer trabalhar, quem quer produzir", afirmou o presidente.

Bolsonaro deu as declarações ao falar para um público formado por empresários do setor do turismo num evento para lançar políticas para impulsionar a área no Brasil.

Este é o quarto dia seguido em que Bolsonaro ignora a vitória de Biden nos EUA contra o republicano Donald Trump. Biden, adversário do republicano, foi declarado vencedor na tarde do último sábado (7).

A postura do presidente brasileiro contrasta com a de outros líderes mundiais que já parabenizaram o democrata pela eleição. Até agora, segundo auxiliares diretos de Bolsonaro ouvidos pela Folha, a decisão do mandatário é a de felicitar Biden e se manifestar publicamente sobre o pleito apenas após a conclusão de disputas judiciais e recontagens de votos solicitadas por Trump.

O republicano ainda não reconheceu a derrota e alega, sem apresentar evidências, ter sido alvo de uma fraude eleitoral. Pode levar semanas para que haja o desfecho desses questionamentos.

Diferentemente do Brasil, os EUA não têm uma autoridade eleitoral nacional, e o vencedor é declarado por projeções da mídia do país.

Bolsonaro torcia publicamente pela reeleição de Trump. Ao contrário do presidente brasileiro, o premiê britânico, Boris Johnson, um dos principais aliados de Trump na Europa, cumprimentou Biden pela vitória.

Além de Boris, publicaram mensagens de parabéns nas redes sociais o presidente francês, Emmanuel Macron, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, o premiê de Portugal, António Costa, e o governo alemão, chefiado pela chanceler Angela Merkel.

Na América Latina, líderes também já felicitaram Biden, como os presidentes Alberto Fernández, da Argentina, e Sebastián Piñera, do Chile. O presidente da Colômbia, Iván Duque, também se pronunciou.

No Brasil, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, também se manifestaram.

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