Descrição de chapéu Coronavírus

Nova York fecha escolas após novos casos de Covid-19 quintuplicarem

Infecções diárias na cidade foram de 999 a 5.094 em menos de um mês

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Nova York | Reuters

O prefeito de Nova York, o democrata Bill de Blasio, anunciou que suspenderá as aulas presenciais nas escolas da cidade a partir desta quinta-feira (19) devido a uma nova alta de casos de Covid-19.

“Nova York alcançou a taxa de 3% de testes positivos nos últimos sete dias. Infelizmente, isso quer dizer que os prédios escolares serão fechados a partir de amanhã, por um excesso de cautela”, escreveu ele no Twitter nesta quarta (18). “Precisamos lutar contra a segunda onda de Covid-19.”

Estudantes caminham em frente a escola pública no Brooklyn. Aulas presenciais estarão suspensas a partir de quinta-feira (19)
Estudantes caminham em frente a escola pública no Brooklyn - Angela Weiss/AFP

Em menos de um mês, as contaminações mais que quintuplicaram na cidade. Em 19 de outubro, eram 999 novos infectados por dia; na terça-feira (17), foram registrados 5.094 novos casos.

A preocupação do prefeito não é sem fundamento. Com 24 mil mortos, Nova York foi a cidade mais afetada do mundo pela pandemia, seguida por São Paulo (14 mil mortos) e pela Cidade do México (12 mil).

Em abril, a cidade chegou a ser o epicentro mundial da pandemia e precisou decidir em pouco tempo se deveria enterrar ou não, mesmo que temporariamente, seu excesso de mortos em parques públicos.

Como solução, optou-se pela Hart Island, próxima à costa do Bronx. As imagens das valas comuns e da Times Square vazia, somadas ao ruído ininterrupto das ambulâncias, ficaram na cabeça de quem não teve o privilégio de voltar para suas cidades de origem ou se retirar para o interior do estado, como fizeram muitos dos moradores mais ricos.

O Independent Budget Office, agência responsável pelo controle do orçamento de Nova York, estimou em US$ 9,7 bilhões (R$ 53,8 bilhões) a perda de arrecadação decorrente da pandemia só neste ano. O corte nos empregos, segundo a mesma agência, deve chegar a 475 mil.

O Medicaid, programa de saúde utilizado por 6 milhões dos 8,3 milhões de moradores da cidade, teve déficit bilionário e se mostrou insuficiente para atender os mais pobres.

Desde o início da crise, De Blasio fez críticas incisivas à inação e ao negacionismo do presidente Donald Trump diante da pandemia. Em maio, durante uma entrevista coletiva, segurou uma edição do tabloide New York Post na qual Trump —com seu rosto estampado na primeira página— dizia não ser favorável à concessão de perdão fiscal à cidade nem aos estados governados por democratas.

Com uma expressão incrédula, De Blasio disse que o republicano era “um ex-nova-iorquino que parece gostar de apunhalar sua cidade natal nas costas” e que “falhou na sua responsabilidade mais básica: proteger as pessoas a quem serve”.

Ele comparou Trump a Herbert Hoover, que presidiu o país de 1929 a 1933 e teve uma postura assumidamente negligente diante da Grande Depressão.

“Que tipo de ser humano vê o sofrimento aqui e decide que o povo de Nova York não merece ajuda?”, questionou. “Ele é um hipócrita puro, dada a quantidade de dinheiro que deu na mão das corporações.”

Em abril, Trump havia sancionado um pacote de estímulos que destinou US$ 1,4 bilhão para a cidade de Nova York e US$ 58 bilhões para a indústria aeronáutica.

À época, De Blasio também comparou a postura de Trump à do presidente Henry Ford, que governou o país entre 1974 e 1977. Esse período correspondeu à maior crise que a cidade enfrentou desde a Grande Depressão, quando muitos de seus moradores e empresas trocaram Nova York pelos subúrbios e um clima geral de decadência —econômica, social e moral— prevaleceu.

Questionado sobre o que faria para ajudar a cidade, Ford se posicionou firmemente contra qualquer tipo de perdão fiscal e disse que era para ela “cair morta”. A expressão foi reproduzida em letras garrafais na capa do jornal Daily News. “Minha pergunta é: sr. Trump, sr. presidente, você vai salvar a cidade de Nova York ou vai dizer que ela deve cair morta? Qual das opções?”, afirmou De Blasio.

A medida tomada pelo prefeito ecoa outras restrições reimpostas em diversas partes dos EUA devido à alta recente de infecções. Na terça, a doença matou 1.596 pessoas, o número mais alto desde 27 de julho.

Dos 50 estados americanos, 41 registraram alta recorde de casos em novembro, e 26 tiveram pico inédito de hospitalizações.

“Estou mais preocupado do que nunca desde que a pandemia começou”, disse à rede de TV CNN Tom Inglesby, diretor do Centro para a Segurança na Saúde da Universidade Johns Hopkins.

Cresce no Senado americano a pressão para aprovar uma nova lei de auxílio emergencial à população —nos últimos dois meses, essa discussão estagnou principalmente devido à indicação da juíza Amy Coney Barrett à Suprema Corte e à eleição.

Os democratas na Casa também lançaram novos projetos para aumentar a quantidade de equipamentos de proteção individual usados por profissionais da saúde e outros trabalhadores de funções essenciais.

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