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Yang Wanming

O que há de novo na nova fase de desenvolvimento da China?

Inovação é fundamental para ampliar demandas internas e modernizar a indústria

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Yang Wanming

Embaixador da China no Brasil

Num mundo de transformações profundas e complexas, o rumo do crescimento da China tem implicações globais. A partir de 2021, o país vai iniciar o seu 14o Plano Quinquenal, inaugurando uma nova etapa no caminho para um Estado socialista amplamente modernizado.

Isso significa que a China entrará numa nova fase marcada pelo desenvolvimento de alta qualidade.

As demandas internas serão a nova base. Em mais de 40 anos da reforma e abertura, a China, mais do que a fábrica do mundo, agora é um mercado global, sua classe média não só é a maior do mundo, como também é a que mais cresce.

O consumo final da China já se equipara com o dos EUA, respondendo por quase 60% do PIB. As demandas internas já substituíram o comércio exterior como o principal motor do crescimento econômico.

Comprador olha produtos congelados em supermercado de Pequim - Thomas Peter - 11.nov.20/Reuters

Mesmo assim, ainda há problemas evidentes, como a baixa procura no mercado doméstico e o desequilíbrio estrutural. O consumo da população representa 38,8% do PIB chinês e, se comparar com o 64,5% no Brasil, ainda há grande margem para crescer.

Promover a prosperidade comum de toda a população é um objetivo a ser alcançado em 2035, portanto, no próximo quinquênio, haverá ações destinadas a acelerar a reforma do sistema de distribuição de renda, reduzir a desigualdade entre áreas urbanas e rurais, aprimorar a seguridade social e alavancar a sofisticação do consumo desse mercado gigantesco.

As cadeias produtivas serão gradualmente modernizadas a fim de fornecer melhores produtos e serviços ao mercado doméstico.

Ciência, tecnologia e inovação serão a nova força motriz. A inovação é fundamental para ampliar as demandas internas e modernizar a indústria. Nos últimos anos, a China aderiu a uma estratégia voltada para a inovação e aumentou significativamente a velocidade da pesquisa e desenvolvimento e da aplicação dos resultados.

A economia digital da China movimenta quase US$ 5,5 trilhões (R$ 30 trilhões) e responde por 36% do PIB nacional. Segundo estimativas da consultoria McKinsey, as transações do comércio eletrônico da China são maiores que as de EUA, Reino Unido, França, Alemanha e Japão somadas.

Porém, há certas deficiências na inovação independente chinesa, como muitas tecnologias-chave e equipamentos essenciais ainda dependem dos outros.

Para melhor aproveitar as oportunidades da nova rodada de transformações tecnológicas e industriais, o 14o Plano Quinquenal propõe que a inovação ocupe a posição central do processo da modernização e que a autossuficiência no campo de ciência e tecnologia constitua um respaldo estratégico para o desenvolvimento nacional e seja a prioridade de todas as tarefas planejadas.

Ao melhorar as políticas públicas, a China vai proteger ainda melhor os direitos de propriedade intelectual, incentivar empresas a efetuar inovações e fazer expandir as novas indústrias, realizando uma transição do "made in China" para o "created in China".

Uma maior abertura será o novo pilar. O novo paradigma de desenvolvimento, chamado de "dupla circulação", apoia-se em um ciclo de demanda como principal propulsor da economia, reforçado pelos mercados e investidores externos. Isso não significa um ciclo interno por trás de portas fechadas, mas maior abertura nas duas esferas, tanto doméstica como internacional.

Maior exportador e segundo maior investidor do mundo, a China deve se tornar também o maior importador num futuro próximo, de maneira que as compras do exterior podem exceder US$ 22 trilhões (R$ 120 trilhões) nos próximos dez anos.

A China está disposta a negociar e assinar acordos de livre comércio de alto padrão com mais países, inclusive o Brasil. Vai promover o desenvolvimento de novos modelos como o comércio eletrônico transfronteiriço e ampliar a abertura na economia digital, internet e outras áreas.

Com isso, o mercado chinês ficará mais aberto, terá regras mais transparentes e ambiente de negócios mais amigável e trará benefícios compartilhados por todos.

Na semana passada, 30 empresas brasileiras, junto com outras mil de uma centena de nacionalidades, participaram na terceira edição da Exposição Internacional de Importações da China.

Isto mostra que a cooperação ganha-ganha é uma escolha defendida pela comunidade internacional para enfrentar os desafios. A China está pronta para unir forças com o Brasil e os demais países para criar oportunidades através da abertura, resolver problemas por meio da parceria e alcançar o progresso comum.

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