Parlamento da Tailândia rejeita reforma da monarquia e provoca novos protestos

Votação ocorre após dia mais violento desde início dos atos, em julho

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Bancoc | Reuters

Após meses de protestos pró-democracia, o Parlamento da Tailândia votou nesta quarta-feira (18) sete propostas para reformar a Constituição, incluindo uma que poderia ter aberto o caminho para a discussão do papel da poderosa monarquia —a emenda não obteve votos suficientes para aprovação.

Apenas duas propostas foram adotadas e nenhuma delas afetará a família real, frustrando a principal demanda dos manifestantes. "Não vamos tocar nisso", disse o parlamentar Wirat Ratanaset.

Manifestantes carregam patos infláveis durante protesto pró-democracia em Bancoc
Manifestantes carregam patos infláveis durante protesto pró-democracia em Bancoc - Jack Taylor/AFP

O resultado não foi uma surpresa. Os apoiadores do primeiro-ministro Prayuth Chan-ocha têm maioria no Parlamento, no qual todas as cadeiras do Senado pertencem a nomes apontados pela junta militar que ele liderou após o golpe de 2014 até uma eleição contestada no ano passado.

A votação ocorre depois do dia mais violento desde o início dos protestos, em julho. Dezenas de pessoas foram feridas por gás lacrimogêneo e canhões de água na terça (17) durante to em frente ao Parlamento.

Milhares de tailandeses, em sua grande maioria jovens, participaram da manifestação desta quarta, que transformou o lado de fora da sede da Polícia Real da Tailândia em um cenário multicolorido quando manifestantes jogaram tinta no prédio. Eles também colocaram comida de cachorro no portão para os policiais, a quem chamaram de "escravos da tirania".

Os manifestantes disseram ter ficado furiosos com a resposta da polícia ao protesto de terça-feira e a rejeição dos legisladores à maior parte da reforma constitucional. "Viemos aqui apenas por causa da nossa raiva", disse um dos líderes do protesto, Panusaya Rung Sithijirawattanakul.

A polícia ficou dentro do prédio e não interveio.

Pensando que os agentes pudessem usar canhões de água para dispersar a multidão, os jovens trouxeram patos infláveis ​​para usar como escudos —o animal se tornou uma mascote dos protestos.

Os manifestantes vandalizaram propriedades públicas e lançaram projéteis que poderiam ter ferido policiais. Por isso, serão denunciados, afirmou o porta-voz da polícia, Kissana Phathanacharoen.

Os atos dos últimos meses têm sido, em grande parte, pacíficos. No entanto, o Centro Médico Erawan de Bancoc disse que ao menos 55 pessoas ficaram feridas na terça, 32 das quais por gás lacrimogêneo e seis por ferimentos a bala. Também houve confrontos entre manifestantes pró e contra a monarquia.

Apoiadores da família real dizem acreditar que os apelos de reforma são uma forma de abolir a monarquia, o que os manifestantes negam. O Palácio Real não fez comentários desde o início dos protestos.

O próximo ato acontecerá em frente ao Escritório de Propriedades Reais, no dia 25 de novembro. Os manifestantes planejam protestar contra a decisão do rei Maha Vajiralongkorn de administrar pessoalmente a fortuna real, avaliada em dezenas de bilhões de dólares.

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