Descrição de chapéu Folhajus

Presidente do Peru enfrenta 2º processo de impeachment em menos de 2 meses

Martín Vizcarra é acusado de 'incapacidade moral' por suspeitas de cobrar propina quando era governador

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Lima | AFP

O Congresso peruano aprovou nesta segunda-feira (2) a decisão de submeter novamente o presidente Martín Vizcarra a um julgamento de impeachment por suposta "incapacidade moral". O líder terá que comparecer perante o plenário na próxima segunda (9) para se defender.

O julgamento foi aprovado por 60 votos a favor, 40 contra e 18 abstenções. Doze dos 130 congressistas estavam ausentes ou licenciados. Esta nova moção de vacância foi apresentada em 20 de outubro pelo partido União pelo Peru (UPP), sob a causa de permanente incapacidade moral.

O presidente Martín Vizcarra, durante discurso em que anunciou a dissolução do Congresso - set.19/Presidência do Peru/Reuters

O partido se baseia em declarações de vários empresários à Procuradoria de que teriam pago propina a Vizcarra em troca de contratos de obras públicas quando o presidente era governador da região de Moquegua, ao sul de Lima, em 2014.

Vizcarra já superou, em 18 de setembro, um outro pedido de destituição no Congresso, acusado de mentir a duas assessoras em uma investigação sobre contratos com um cantor. Não houve votos suficientes para tirá-lo do poder.

"Não há uma prova das acusações. Um processo de vacância desestabiliza o país. Estou certo de que o Congresso não vai cair no jogo de um grupo político que busca o caos", disse Vizcarra.

"É um pouco anedótico porque estão se acostumando a fazer um processo de vacância por mês. Não no Parlamento em seu conjunto, mas um grupo político", acrescentou.

Para que a moção de impeachment fosse admitida em debate eram necessários 52 dos 130 votos do plenário do Congresso. Agora, são necessários dois terços dos votos, ou seja, 87 congressistas, para retirar o presidente do cargo.

O presidente terá que se apresentar ou enviar seu advogado ao Congresso na próxima segunda-feira às 10h locais (12h de Brasília) para se defender.

Vizcarra assumiu em março de 2019, depois da renúncia de Pedro Paulo Kuczynski (PPK), eleito em 2016 por uma pequena diferença de votos e sem nunca conseguir maioria no Congresso.

Após seu envolvimento com a empreiteira brasileira Odebrecht vir à tona, PPK deixou o cargo, não sem antes fazer uma série de concessões à bancada fujimorista na tentativa de se manter no poder. Ao assumir, Vizcarra, que era seu vice, tentou aprovar uma agenda anticorrupção, mas bateu de frente com os oposicionistas diversas vezes.

Em 2019, Vizcarra dissolveu o Congresso. O Legislativo atual tem maioria opositora e vem boicotando as reformas políticas impulsionadas pelo Executivo, como a regulamentação do fim das reeleições para cargos parlamentares e regionais.

O mandato de Vizcarra termina no próximo dia 28 de julho. As eleições estão marcadas para o dia 11 de abril.

A corrupção é uma das grandes mazelas no Peru, onde quatro ex-presidentes foram atingidos por escândalos de propinas e pagamentos ilegais a campanhas por parte da Odebrecht.

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