Presidente eleito da Bolívia é alvo de ataque com dinamite, mas sai ileso, diz partido

Segundo o MAS, grupo deixou explosivos em gabinete durante reunião de dirigentes em La Paz

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La Paz | AFP

O presidente eleito da Bolívia, Luis Arce, foi alvo de um ataque com dinamites na noite desta quinta-feira (5), mas não ficou ferido, disse um porta-voz do partido MAS (Movimento Ao Socialismo) à imprensa local.

De acordo com a sigla, um grupo deixou os explosivos em frente a um escritório de campanha, em La Paz, enquanto acontecia uma reunião de dirigentes da qual Arce participava.

O porta-voz do MAS, Sebastián Michel, disse que a explosão ocorreu na porta do local e que ninguém ficou ferido. A polícia investiga o caso. “Estamos muito preocupados com o que está acontecendo. Sentimos que estamos à mercê de nós mesmos, totalmente desprotegidos, e ninguém nos dá a garantia necessária para a segurança de nossa autoridade”, disse ele.

Segundo o porta-voz, Arce ainda não conta com escolta oficial das forças de segurança. Ele também lamentou a existência de "grupos radicalizados" que ameaçam a propriedade e a vida das pessoas.

A posse do ex-ministro da Economia de Evo Morales está marcada para domingo (8). A vitória nas eleições de outubro sinalizou um retorno à normalidade democrática quase um ano depois de o ex-presidente renunciar, pressionado por protestos populares e pelas Forças Armadas.

Jeanine Añez, que se declarou presidente dois dias depois da renúncia de Evo, fez seu último pronunciamento à nação nesta quinta-feira (5). "Parto feliz por ver que o convívio democrático avançou e amadurece na Bolívia. Há divergências de ideias, visões e interesses, mas ambos os lados sabem que o caminho para resolver essas diferenças é a democracia", disse. "Parto com a alegria de saber que entrego um sistema que respeita o voto popular, a lei e a liberdade política."

Na região de Santa Cruz, reduto da direita boliviana, lideranças civis iniciaram uma greve de dois dias contra Arce. De acordo com Fernando Larach, um dos organizadores do movimento, a principal pauta dos grevistas é a exigência de uma auditoria no processo que elegeu o novo presidente.

Arce venceu com mais de 55,2% dos votos, derrotando o ex-presidente Carlos Mesa, de centro-esquerda, que obteve 28,9%, e o representante da ultradireita Luis Fernando Camacho, que é de Santa Cruz e recebeu 14% dos votos. De acordo com imagens de emissoras bolivianas, havia nesta quinta alguns povoados com estradas bloqueadas com madeira, pneus e entulho. Em outros locais, porém, não houve adesão.

Desde a semana passada, Santa Cruz, a cidade mais populosa da Bolívia, tornou-se palco de protestos ocasionais contra Arce, convocados por um conglomerado de grupos civis e de empresários de direita.

Os manifestantes rejeitam a decisão do Congresso, controlado pelo MAS, de reduzir o quórum necessário para aprovar determinados projetos, confirmar a promoção de generais e nomear embaixadores.

Os grupos de Santa Cruz ameaçam estender os protestos a La Paz, mas aliados de Arce preveem que as tensões devem diminuir até o domingo. ​"Declaramo-nos em estado de emergência para resguardar a paz, para que não haja confronto entre irmãos nos dias de transição de poder", disse Juan Carlos Huarachi, líder da Central Obrera Boliviana (COB), uma das principais centrais sindicais do país.

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