Descrição de chapéu Governo Trump África

Trump planeja retirar parte das tropas americanas do Iraque e do Afeganistão

Promessa de campanha, saída de soldados deve acontecer cinco dias antes do fim do mandato

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São Paulo

O presidente dos EUA, Donald Trump, estuda a possibilidade de retirar milhares de soldados americanos que atuam em conflitos no Iraque, no Afeganistão e na Somália.

A informação foi inicialmente dada pela rede de TV CNN nesta segunda-feira (16) e depois confirmada pelo jornal The New York Times e por outros veículos da imprensa americana.

Não está claro ainda qual seria o cronograma exato da retirada e quantos militares voltariam para casa.

O presidente Donald Trump discursa ao lado de autoridades locais e de soldados americanos durante visita a uma base no Afeganistão
O presidente Donald Trump discursa ao lado de autoridades locais e de soldados americanos durante visita a uma base no Afeganistão - Tom Brenner - 28.nov.19/Reuters

Segundo o Wall Street Journal, a ideia da Casa Branca é ordenar a retirada até 15 de janeiro —cinco dias antes do fim do mandato de Trump. O presidente eleito, Joe Biden, não foi consultado sobre a medida.

O plano do republicano é cortar pela metade os cerca de 5.000 soldados atualmente no Afeganistão. No Iraque, a diminuição seria bem menor, de algumas centenas, dos atuais 3.000 para 2.500.

Nos dois países, o foco dos soldados que continuarem deve ser o combate ao terrorismo. Não está claro se as tropas da Otan (aliança militar liderada por Washington) no Afeganistão serão afetadas pela medida.

Já na Somália todos os 700 militares dos EUA devem voltar para casa. Washington planeja manter, porém, seus soldados nos vizinhos Quênia e Djibuti. São de bases desses dois países que os Estados Unidos lançam ataques de drones contra o grupo Al Shabab, uma filial da Al Qaeda que atua no território somali.

A retirada não deve atingir as centenas de soldados americanos atualmente na Síria, apesar do desejo de Trump de que isso acontecesse. O plano de retirada faz parte de documentos que circulam dentro do Pentágono (a sede do Departamento de Defesa dos EUA), aos quais a imprensa americana teve acesso.

Um memorando assinado pelo secretário interino de Defesa, Christopher Miller, confirma o plano. Mas a definição sobre a retirada ou não dos soldados caberá a Trump, que precisa emitir uma ordem executiva com a determinação. A expectativa é a de que isso aconteça ainda nesta semana.

Durante a campanha à Presidência em 2016, o republicano prometeu acabar com o que classificou como guerras sem fim dos EUA e disse que retiraria as tropas do Iraque e do Afeganistão durante seu mandato.

Ao longo dos últimos quatro anos, ele de fato diminuiu o contingente nos dois países, ainda que não tenha retirado todos os soldados. No mês passado, o presidente americano chegou a dizer que gostaria que todos os militares americanos no Afeganistão retornassem aos EUA antes do Natal, mas foi convencido por assessores e pelo secretário de Estado, Mike Pompeo, de que o plano não era possível.

Ele teria concordado, então, com uma retirada apenas parcial. De acordo com a CNN, a demissão do agora ex-secretário de Defesa Mark Esper, na semana passada, também tem ligação com o caso.

Esper escreveu um memorando interno alertando que uma retirada imediata das tropas poderia levar a um aumento da violência no Afeganistão e a mais obstáculos nas atuais negociações de paz entre o governo local e o Taleban. O documento contribuiu para a decisão de demitir o secretário. Sua saída abriu as portas para a chegada de Miller e de uma nova equipe, que não se opõem ao plano.

Quem já se manifestou contra a nova estratégia, porém, foi o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, um dos principais aliados de Trump no Congresso.

“Uma retirada rápida das forças dos EUA do Afeganistão agora prejudicaria nossos interesses e encantaria as pessoas que querem nos fazer mal”, disse o senador durante a sessão da Casa nesta segunda, quando o plano de Trump já tinha sido divulgado pela imprensa.

Apesar do acordo feito entre o governo afegão, os Estados Unidos e o Taleban em fevereiro, o país continua enfrentando turbulências, com mais de 200 civis mortos em decorrência de conflitos no mês passado. As negociações entre Cabul e o grupo, que ocorrem no Qatar, também estão travadas.

McConnell comparou ainda a situação à retirada das tropas americanas no fim da Guerra do Vietnã e à decisão do antecessor de Trump, Barack Obama, de tirar soldados do Iraque em 2011.

A ação, segundo especialistas, acabou criando o cenário para o fortalecimento do grupo terrorista Estado Islâmico no Iraque. O próprio Obama anunciou o retorno das Forças Armadas ao país três anos depois.

Segundo o New York Times, porém, Trump considera que a retirada das tropas é uma promessa importante para sua base e que decisão seria lembrada por seus apoiadores caso ele decida disputar novamente a Casa Branca em 2024.

Com Reuters

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