Descrição de chapéu Coronavírus

Após 48 horas, França anuncia reabertura parcial da fronteira com Reino Unido

Para entrar no país é preciso teste negativo de Covid-19 feito nas 72 horas anteriores

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Paris e Londres | Reuters e AFP

O Reino Unido e a França chegaram a um acordo sobre a situação das fronteiras, questão que vem isolando a ilha a menos de dez dias para o brexit.

A França autorizou, a partir da meita-noite desta terça (22), o retorno de franceses, britânicos e pessoas de outras nacionaldades que residam na França, desde que apresentem um teste de Covid-19 com resultado negativo feito nas 72 horas anteriores.

Passageiros vindos do Reino Unido e se dirigindo a outro país também podem transitar pelo território francês, igualmente com o resultado negativo para Covid-19.

Os caminhões de carga parados em diversos pontos do Reino Unido também serão autorizados a entrar na França a partir da meia-noite desta terça.

Para isso, a os britânicos vão fornecer testes de Covid-19 aos motoristas, em diversos locais da ilha, antes de cruzarem a fronteira, informou o ministro dos transportes, Grant Shapps. O resultado dos exames sai em 30 minutos.

Ele advertiu, contudo, que devido ao grande números de veículos na espera, a situação pode levar até três dias para se normalizar.

Voos, embarcações e o Eurostar, trem que liga os dois países pelo Canal da Mancha, voltam ao fluxo a partir desta quarta, pela manhã. Passageiros devem apresentar o resultado do exame antes do embarque, em solo britânico, e não há possiblidade de que o exame seja feito na chegada à França.

As novas regras estão em vigor até 6 de janeiro.

Desde domingo (20), mais de 40 países, de vários continentes, suspenderam as conexões aéreas, ferroviárias e marítimas com o Reino Unido por causa da proliferação de uma nova mutação do coronavírus, que tem se mostrado com maior poder de contágio.

A Alemanha impôs uma proibição aos viajantes do Reino Unido que pode se estender até 6 de janeiro.

Os Estados Unidos anunciaram que não adotarão restrições a voos vindos do Reino Unido. Vários membros da força-tarefa da Covid-19 recomendaram que a Casa Branca exigisse a apresentação de testes negativos antes do embarque dos passageiros, mas o governo de Donald Trump foi contra a medida.

O presidente eleito dos EUA, Joe Biden, afirmou em uma entrevista coletiva nesta terça que sua equipe avalia impor a exigência, que valeria inclusive para cidadãos americanos retornando ao país.

A circulação de mercadorias entre França e Reino Unido foi bastante afetada, já que Paris fechou completamente as fronteiras. Há quilômetros de engarrafamentos de caminhões de carga no sul da Inglaterra.

De acordo com ministra do Interior britânica, Priti Patel, 650 caminhões estão atualmente bloqueados na rodovia que vai de Londres a Dover, o principal porto britânico no Canal da Mancha, fechado ao tráfego de saída há quase dois dias. Outros 2.188 caminhões permanecem estacionados em um antigo aeroporto próximo.

Embora os caminhões ainda pudessem cruzar da França para o Reino Unido, eles não podiam retornar, então os motoristas estavam relutantes em viajar.

A crise na fronteira levou consumidores ao pânico —eles esvaziaram as prateleiras de alguns supermercados de itens como peru, papel higiênico, pão e vegetais.

O governo disse que havia comida suficiente para o Natal, mas responsáveis pelas redes de supermercado Tesco e Sainsbury's afirmaram que os suprimentos de comida seriam afetados se a interrupção continuasse.

A Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia, havia recomendado que os países do bloco retomassem as conexões com o Reino Unido para viagens essenciais e que buscassem formas de evitar a ruptura nas redes de abastecimento.

Os países da União Europeia têm a última palavra sobre o controle de suas fronteiras. Eles estão dispostos a receber seus cidadãos presos no Reino Unido, mas querem impedir qualquer viagem que não seja essencial.

Diante do alarme provocado pela nova mutação do coronavírus, a OMS (Organização Mundial da Saúde) buscou transmitir uma mensagem de tranquilidade na segunda-feira (21) e afirmou que a nova variação "não está fora de controle", como havia declarado o ministro da Saúde britânico, Matt Hancock.

"Não há evidência sólida de que este vírus seja mais transmissível, [mas] há indícios claros de que está mais presente entre a população", disse Moncef Slaoui, assessor do programa de vacinação nos Estados Unidos.

O bloqueio a viajantes do Reino Unido ocorre perto de duas datas importantes no continente. No domingo (27), deve começar a campanha de vacinação contra o coronavírus nos países da União Europeia.

E, no dia 31, termina o período de transição após o brexit. O Reino Unido saiu da União Europeia em janeiro, mas houve um acordo para manter as regras de comércio anteriores até o fim de 2020. No entanto, até agora não foi fechado um acerto para definir como ficam essas regras a partir de 1º de janeiro.

Segundo a AFP, as negociações registraram alguns avanços nos últimos dias, mas continuam bloqueadas em torno da exigência europeia de continuar pescando nas águas britânicas. A questão tem pouco peso econômico, mas se transformou em uma batalha política para ambos os lados do Canal da Mancha.

O premiê Boris Johnson segue dizendo que o prazo não será estendido e que não descarta uma ruptura sem acordo. "Podemos enfrentar qualquer dificuldade em nosso caminho", afirmou.

Se as duas partes chegarem a um trato de última hora nesta semana ou na próxima, ele deverá ser aplicado provisoriamente, e sem validação. Caso contrário, haverá alguns dias de espera para que as Câmaras dos dois lados se reúnam e aprovem um texto de 700 páginas repleto de detalhes técnicos.

Sem acordo, o comércio entre a UE e o Reino Unido passará a ser regido pelas normas da Organização Mundial do Comércio (OMC). Isso envolverá tarifas, taxas e trâmites burocráticos pesados, que podem provocar enormes congestionamentos nos portos e atrasos nas entregas, uma situação parecida com a que os britânicos vivem agora devido ao fechamento das fronteiras pela pandemia.


ENTENDA A MUTAÇÃO DO CORONAVÍRUS

O que é essa variação?

Uma versão do novo coronavírus que tem maior facilidade para entrar nas células, o que a torna mais contagiosa. O governo britânico disse que essa versão é 70% mais transmissível do que as anteriores, mas os estudos ainda são preliminares.

Como ela surgiu?

Os vírus se multiplicam dentro das células humanas, fazendo novas versões de si mesmos. Essas “cópias” costumam ser ligeiramente diferentes da versão que as originou. Assim, o surgimento de novas variações já era esperada pelos cientistas.

Essa versão é mais letal?

Segundo dados iniciais, não.

As vacinas darão proteção contra essa nova mutação?

Há quase certeza que sim. Uma mudança capaz de fazer o vírus resistir às vacinas deve levar anos para ocorrer.

Onde essa nova mutação já foi encontrada?

Reino Unido, Holanda, Dinamarca, Austrália, Itália e África do Sul.

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