Após matar homem negro desarmado, policial é demitido em Ohio

Chefe da polícia de Columbus considerou ter havido uso despropositado de força letal

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Atlanta (EUA) e Los Angeles | Reuters

Um policial branco de Columbus, no estado de Ohio, foi demitido nesta segunda-feira (28) após matar Andre Maurice Hill, 47, um homem negro desarmado, na última semana.

O chefe da polícia da cidade, Thomas Quinlan, considerou ter havido uso despropositado de força letal, segundo afirmou o diretor municipal de Segurança Pública, Ned Pettus.

A demissão de Adam Coy, que estava havia 19 anos na polícia de Columbus, veio após recomendação de Quinlan, para quem Hill foi vítima de um ato de violência sem sentido. O chefe da polícia também criticou o agora ex-agente por não ter prestado socorro imediato.

A vítima estava numa garagem na noite de segunda-feira (21) quando foi baleado várias vezes pelo policial. O caso alimentou a indignação em um país que há meses vive um histórico movimento antirracista e contra a violência policial.

Manifestantes protestam contra a violência policial em frente à Ordem Fraternal da Polícia de Columbus, no estado de Ohio, após a morte de Andre Hill, homem negro desarmado
Manifestantes protestam contra a violência policial em frente à Ordem Fraternal da Polícia de Columbus, no estado de Ohio, após a morte de Andre Hill, homem negro desarmado - Stephen Zenner/AFP

“As ações de Adam Coy não estão à altura do juramento de um policial de Columbus ou dos padrões que nós e a comunidade demandamos de nossos oficiais”, afirmou Pettus, em comunicado no qual anuncia a demissão.

A decisão de Pettus foi apoiada em uma audiência disciplinar ocorrida três dias depois de Quinlan concluir sua própria revisão, determinando que Coy havia se envolvido em "má conduta crítica", o que deveria custar seu emprego.

Uma investigação criminal separada do tiroteio, realizada em nível estadual, ainda está em andamento.

As imagens da câmera acoplada à farda de Coy mostram Hill caminhando em direção a ele com um celular na mão esquerda, enquanto a outra permanece oculta. Segundos depois, o oficial atira, e a vítima, cai. Não se ouve nenhum som que explique as circunstâncias do disparo.

O policial e seu colega esperaram vários minutos antes de se aproximarem da vítima, que morreu mais tarde no hospital. Eles foram ao local após a polícia receber uma denúncia de que um homem estava ligando e desligando um carro por um longo período, segundo a corporação.

Logo após o caso, o prefeito de Columbus, Andrew Ginther, disse estar indignado com a morte de Hill e muito perturbado pelo fato de nenhum dos policiais ter prestado primeiros socorros. Ele pediu a demissão imediata de Coy.

Dezenas de pessoas protestaram na véspera de Natal, no bairro onde Hill foi morto, para denunciar a violência policial e exigir justiça. Hill foi o segundo americano negro morto pela polícia na cidade de Columbus em menos de três semanas.

Casey Goodson Jr., 23, foi baleado várias vezes em 4 de dezembro enquanto voltava para casa depois de comprar sanduíches. Centenas de manifestantes protestaram pacificamente no centro da cidade uma semana após sua morte.

As autoridades federais abriram uma investigação sobre o assassinato de Goodson.

As mortes acontecem em um momento em que os EUA são marcados por protestos históricos contra a injustiça racial e a brutalidade policial desencadeados pelo assassinato de George Floyd, em maio.

Floyd, também um homem negro desarmado, foi asfixiado sob o joelho de um policial branco em Minneapolis, no estado de Minnesota. Pessoas que passavam pelo local gravaram sua morte, e o vídeo rapidamente viralizou.

"Mais uma vez os policiais veem um homem negro e concluem que ele é criminoso e perigoso", criticou na quarta-feira (23) o advogado Ben Crump, que defende várias famílias de vítimas, incluindo a de Floyd.

Com Hill, são 96 as vítimas negras mortas nas mãos de policiais desde Floyd, afirmou o advogado, denunciando "uma trágica sucessão de ataques".

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