Descrição de chapéu África terrorismo

Após uma semana, estudantes sequestrados na Nigéria voltam para casa

Meninos, cujo rapto foi reivindicado pelo Boko Haram, aparentavam cansaço e boas condições de saúde

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Afolabi Sotunde
Katsina (Nigéria) | Reuters

Cansados, mas aparentando boas condições de saúde, mais de 300 estudantes resgatados após um sequestro na semana passada, no noroeste da Nigéria, voltaram para casa nesta sexta-feira (18).

Os meninos, cujo rapto foi reivindicado pelo grupo terrorista Boko Haram, usavam roupas empoeiradas, muitos estavam descalços e alguns se enrolaram em cobertores. Eles desembarcaram dos ônibus cercados por soldados e policiais armados, na cidade de Katsina, e foram levados para um edifício do governo.

Antes de rever a família, o grupo passou por uma avaliação médica e, poucas horas depois, foi ao encontro do presidente Muhammadu Buhari, que estava sob crescente pressão para libertá-los.

Um dos meninos resgatados após sequestro acena do ônibus; grupo voltou para casa nesta sexta (18) - Kola Sulaimon/AFP

Enquanto isso, um grupo de pais esperava para se reencontrar com eles em outra parte da cidade. Hajiya Bilikisu disse que tinha perdido as esperanças de rever seu filho, Abdullahi Abdulrazak.

E conta que "estava chorando de alegria" quando reconheceu o menino nas fotos após a libertação. “Agora eles precisam se recuperar psicologicamente”, disse à agência de notícias Reuters.

Na última sexta (11), mais de cem homens armados com fuzis AK-47, em motos, atacaram o colégio interno masculino na cidade de Kankara, perto de Katsina, e sequestraram mais de 300 estudantes.

Um menino, que não teve o nome revelado, contou que os captores lhe disseram para descrevê-los como membros do Boko Haram —em uma mensagem de áudio divulgada no começo desta semana um homem que se identificou como líder do grupo terrorista reivindicou o sequestro.

Ele disse acreditar, no entanto, que os sequestradores eram apenas um grupo de criminosos. “Sinceramente falando, eles não são o Boko Haram... Eles são garotos minúsculos com armas grandes”, disse o menino à rede de televisão local Arise.

“Eles nos batiam de manhã e à noite. Sofremos muito. Eles só nos davam comida uma vez por dia e água duas vezes por dia."

Meninos resgatados foram levados para um prédio do governo na cidade de Katsina - Kola Sulaimon/AFP

Outro do menino libertado disse à Reuters que os sequestradores inicialmente os levaram para um esconderijo. “Mas quando viram um caça a jato, mudaram de local e nos esconderam em um lugar diferente. Eles nos davam comida, mas era muito pouco”, contou.

Na quinta (17), o governador de Katsina, Aminu Bello Masari, anunciou que 344 meninos haviam sido resgatados por forças de segurança do país, mas algumas informações ainda não estão claras.

Não se sabe se o grupo terrorista Boko Haram foi, de fato, o responsável pelo ataque, se o resgate foi pago, como a libertação dos meninos foi garantida e se todos foram salvos. Masari havia dito à imprensa que nem todos os meninos foram recuperados.

O sequestro atingiu um país já enfurecido pela insegurança generalizada e evocou memórias do sequestro de 2014 de mais de 270 estudantes pelo Boko Haram de uma escola secundária na cidade de Chibok, no nordeste do país.

O sequestro dos meninos foi particularmente embaraçoso para o presidente Buhari, que vem do estado de Katsina e disse que o grupo terrorista foi "tecnicamente derrotado".

O Boko Haram, cujo nome, na língua local hausa, significa "a educação ocidental é proibida", atua no nordeste da Nigéria desde 2009 —se confirmado, o envolvimento nesse sequestro poderia significar uma expansão geográfica nas atividades do grupo.

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