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Atiradores matam mais de cem pessoas em ataque na Etiópia

Episódio aconteceu após visita de autoridades à região que enfrenta foco de violência

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Adis Abeba | Reuters

Dezenas de pessoas foram mortas no amanhecer desta quarta-feira (23) durante um ataque realizado por atiradores na região de Benishangul-Gumuz, no oeste da Etiópia, segundo a Comissão Etíope de Direitos Humanos, ligada ao governo do país.

O ataque foi realizado um dia após a região ter recebido uma visita do primeiro-ministro Abiy Ahmed, do chefe militar Birhanu Jula e de outras autoridades federais. A comitiva pediu paz após uma sequência de episódios violentos entre grupos rivais nos últimos meses.

O massacre ocorreu na cidade de Bekoji e arredores. Belay Wajera, fazendeiro, disse que contou 82 corpos em um campo próximo de sua casa. Ele e a família acordaram com sons de tiros. Saíram correndo de casa, e ouviram gritos de "peguem eles", vindos de homens armados. Sua mulher e cinco de seus filhos foram mortos. Ele tomou um tiro nas nádegas, mas sobreviveu. Outros quatro filhos dele escaparam, mas estão desaparecidos.

Etíopes que fugiram de conflito na região do Tigré caminham em Hamdayet, perto da fronteira entre Sudão e Etiópia - Mohamed Nureldin Abdallah - 16.dez.20/Reuters

Outro morador da cidade, Hassen Yimama, contou que homens armados invadiram a área por volta de 6h. Ele afirmou ter encontrado 20 corpos em uma outro local. Yimama tentou confrontar os assassinos, mas tomou um tiro no estômago.

Um médico da região afirmou que, com um grupo de colegas, atendeu a 38 pessoas feridas, a maior parte delas vítima de armas de fogo. Pacientes contaram a ele que outras pessoas foram mortas com facas, e que os assassinos atearam fogo em casas. Quando os moradores tentavam escapar, recebiam tiros.

"Nós não estávamos preparados para isso e ficamos sem remédios", disse uma enfermeira à Reuters. Segundo ela, uma criança de 5 anos morreu enquanto era levada à clínica.

Um porta-voz da área de segurança disse que o governo investiga as identidades dos autores do ataque e das vítimas, mas não deu mais detalhes.

Benishangul, onde ocorreu o massacre, é habitada pelo povo Gumuz. Nos últimos anos, entretanto, fazendeiros e empresários da área vizinha de Amhara tem se mudado para a região, gerando críticas dos moradores de que os forasteiros estão se apropriando de terras férteis.

Alguns líderes de Amhara têm dito que algumas das terras, especialmente perto de Bulen, pertencem a eles. Isso tem gerado revolta entre o povo Gumuz.

O último grande ataque na região havia ocorrido em 14 de novembro, quando homens armados abordaram um ônibus e mataram 34 pessoas.

Em novembro, forças do governo lutaram contra rebeldes na região do Tigré, no norte do país, durante semanas. O conflito levou cerca de 950 mil pessoas a deixarem suas casas.

Com a concentração de militares no Tigré, outras partes do país passaram a ter menos vigilância, o que pode ter contribuído para o ataque em Bulen.

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