Bolsonaro reconhece vitória de Biden mais de um mês após eleição nos EUA

Líder brasileiro promete aproximação com democrata; anúncio veio após manifestações de Putin e Obrador

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro reconheceu, durante entrevista a um programa de TV nesta terça-feira (15), 38 dias após a projeção da vitória de Joe Biden, a eleição do democrata à Presidência dos Estados Unidos.

Em entrevista ao Brasil Urgente, da Band, Bolsonaro disse que esperou que os delegados do Colégio Eleitoral confirmassem o resultado do pleito de 3 de novembro, o que aconteceu nesta segunda-feira (14).

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, após votar no segundo turno das eleições municipais, no Rio de Janeiro
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, após votar no segundo turno das eleições municipais, no Rio de Janeiro - Andre Coelho - 29.nov.20/AFP

"Alguns minutos antes de entrar no ar eu já dei um 'start' para o nosso ministro Ernesto Araújo [Relações Exteriores], para ele fazer essa comunicação nossa, nas redes oficiais do governo. Depois, nas minhas redes particulares", disse Bolsonaro na entrevista.

"Da minha parte, e da parte dele com toda certeza, o americano é pragmático, vamos fazer um trabalho de cada vez mais aproximação", afirmou o presidente, um dos últimos líderes a reconhecer o resultado.

Mais cedo, nesta terça, os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e do México, Andrés Manuel López Obrador, parabenizaram o democrata pelo triunfo que o levará à Casa Branca. Agora, apenas o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, não cumprimentou o presidente eleito dos EUA.

Antes, a maior parte das lideranças mundiais já tinha parabenizado Biden, incluindo aliados do candidato derrotado, Donald Trump, como o premiê britânico, Boris Johnson, e o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu. Até mesmo o líder da China, Xi Jinping, cumprimentou o democrata pelo êxito nas urnas. Pequim é considerada hoje a maior antagonista dos Estados Unidos na arena global.

Rússia e México, por outro lado, disseram que esperariam pelas confirmações oficiais antes de comentar o resultado.

Bolsonaro, que apoiou e torceu pela reeleição de Trump durante a campanha eleitoral, finalizou a entrevista desta terça afirmando que, após o reconhecimento dos delegados do Colégio Eleitoral, não irá mais discutir se o pleito americano foi "tranquilo", em referência às acusações de fraude feitas pelo atual presidente americano —o republicano não apresentou provas que sustentassem as declarações.

"Não cabe mais eu falar absolutamente nada. Esperei, houve o reconhecimento e nós, aqui, já fizemos o comunicado, agora há pouco, ao presidente Joe Biden." Depois de votar no segundo turno das eleições municipais no Rio de Janeiro, o presidente brasileiro disse que "realmente teve muita fraude lá". "Isso ninguém discute, tenho minhas fontes. Se foi suficiente para definir um ou outro, eu não sei.”

As rusgas entre Bolsonaro e Biden não se limitam ao apoio do líder brasileiro a Trump. Durante o primeiro debate presidencial, o democrata disse que "a floresta tropical no Brasil está sendo destruída" e que poderia impor sanções ao Brasil e mobilizar até US$ 20 bilhões (R$ 108,4 bilhões) para ajudar na proteção da Amazônia. À época, Bolsonaro classificou a fala como lamentável.​

Quatro dias após a projeção da vitória de Biden, Bolsonaro chegou a afirmar que "tem que ter pólvora" para fazer frente a candidato a chefe de Estado que quer impor sanção por causa da Amazônia.

Assim, levou mais de um mês para cumprimentar o presidente eleito dos EUA, contrariando uma tradição de líderes brasileiros, que não tardaram em enviar cumprimentos a outros americanos recém-eleitos.

Somente após a entrevista, o Itamaraty divulgou a nota "Cumprimentos do presidente Jair Bolsonaro ao presidente-eleito dos EUA Joe Biden". "Saudações ao presidente Joe Biden, com meus melhores votos e a esperança de que os EUA sigam sendo a terra dos livres e o lar dos corajosos'", diz trecho da nota.

"Estarei pronto para trabalhar com V. Exa. e dar continuidade à construção de uma aliança Brasil-EUA, na defesa da soberania, da democracia e da liberdade em todo o mundo, assim como na integração econômico-comercial em benefício dos nossos povos", conclui o comunicado.

Em seguida, Bolsonaro também se manifestou em suas redes sociais, reproduzindo a nota do Itamaraty.

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