O chavismo obteve 253 dos 277 assentos disputados nas contestadas eleições parlamentares na Venezuela, boicotadas pela maioria da oposição, segundo balanço divulgado pelo órgão eleitoral.
Com o resultado, o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), do ditador Nicolás Maduro, ganhou 91,34% dos assentos, o que lhe dá maioria absoluta na Assembleia Nacional.
Assim, o chavismo recupera o controle do Parlamento, perdido após uma vitória esmagadora da oposição em dezembro de 2015, quando Juan Guaidó foi eleito presidente do Legislativo. Desta vez, o opositor liderou o boicote ao pleito, que chamou de "fraude".
Autoproclamado presidente interino do país, Guaidó convocou um plebiscito para o próximo sábado (12), com o qual espera mostrar que a população apoia a prorrogação dos mandatos dos atuais parlamentares. Seu mandato como membro da Assembleia Nacional venezuelana acaba no próximo dia 5 de janeiro.
Mesmo após o fim do período no Parlamento, o governo brasileiro, contrário a Maduro, planeja continuar reconhecendo Guaidó como presidente da Venezuela. O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, classificou o pleito do último domingo como uma "farsa eleitoral".
Até o momento, 18 países disseram não reconhecer o resultado das eleições na Venezuela.
Dos mais de 20 milhões de eleitores registrados no cadastro eleitoral, 6,2 milhões votaram, o que representa abstenção de 69%, a maior dos últimos 15 anos no país, em meio à crise humanitária, descrença com a política local e a pandemia de Covid-19.
A Venezuela atravessa o sétimo ano de recessão e o terceiro de hiperinflação.
Em uma visita à Colômbia, o líder opositor Leopoldo López, que está exilado na Espanha, disse que os venezuelanos emitiram um "grito de liberdade" ao se abster majoritariamente de participar do pleito.
Durante um encontro com o presidente da Colômbia, Iván Duque, López disse que o governo Maduro ameaçou privar de comida os eleitores que deixassem de votar. O líder colombiano fez um apelo pelo fim da ditadura venezuelana e a formação de um governo de transição com representação ampla, que reúna lideranças do chavismo e da resistência democrática.
Desde que foi eleito, em 2018, Duque apoia os EUA nas pressões para afastar o chavista do poder.
Na quarta, o primeiro vice-presidente do PSUV, Diosdado Cabello, disse que os venezuelanos elegeram os "deputados dos povos indígenas". Ele comemorou os resultados em seu programa semanal de TV.
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