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China prende repórter da Bloomberg e enquadra magnata de Hong Kong em lei de segurança nacional

Pequim endurece pressão a mídia estrangeira e prossegue em repressão a opositores na ex-colônia britânica

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Hong Kong e Pequim | AFP e Reuters

Autoridades chinesas detiveram uma jornalista que trabalha para a agência de notícias Bloomberg em Pequim sob suspeita de colocar em risco a segurança nacional, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores da China.

Haze Fan é cidadã chinesa e foi detida, segundo a Bloomberg, na segunda-feira (7), pouco depois de falar com um de seus editores. No mesmo dia, ela foi vista sendo escoltada por agentes de segurança à paisana para fora do prédio em que morava na capital chinesa.

A agência de notícias afirma que ficou sem saber o paradeiro de Fan durante quatro dias e que sua detenção só foi confirmada nesta quinta-feira.

"A cidadã chinesa Fan foi detida pelo gabinete de Segurança Nacional de Pequim, de acordo com a legislação chinesa pertinente, sob suspeita de envolvimento em atividades criminosas que colocam em risco a segurança nacional", disse em nota o Ministério das Relações Exteriores.

"O caso está atualmente sob investigação. Os direitos legítimos da sra. Fan foram totalmente garantidos, e sua família, notificada."

O dirigente chinês, Xi Jinping, durante conferência com líderes e empresários asiáticos, em Pequim - Li Xueren - 27.nov.20/Xinhua

Fan trabalha para a Bloomberg desde 2017 e colabora com reportagens sobre economia e negócios. Ela também já escreveu para outros veículos de comunicação internacionais, como CNBC, CBS News, Al Jazeera e Reuters.

"Estamos muito preocupados com ela e temos falado ativamente com as autoridades chinesas para entender melhor a situação. Continuamos a fazer tudo o que podemos para apoiá-la enquanto buscamos mais informações", disse uma porta-voz da Bloomberg.

Este é o episódio mais recente da pressão crescente do regime de Xi Jinping sobre o trabalho da mídia estrangeira na China. Neste ano, o país expulsou mais de dez jornalistas que trabalhavam para veículos americanos, cancelando credenciais em meio ao agravamento das relações entre Pequim e Washington.

No final de agosto, a jornalista australiana Cheng Lei, que trabalhava como apresentadora na TV estatal chinesa, foi presa sem que as autoridades tenham formalizado nenhuma acusação contra ela.

Dias depois, outros dois jornalistas australianos, os últimos correspondentes do país em território chinês, decidiram fugir por questões de segurança, antes que fossem presos. Ambos os profissionais haviam sido interrogados por policiais no contexto de uma suposta investigação de segurança internacional.

Na ocasião, o Ministério das Relações Exteriores da China disse que o interrogatório dos dois homens era uma aplicação normal da lei. "Enquanto os jornalistas respeitarem a lei, não há razões para preocupação", afirmou, à época, o porta-voz da diplomacia chinesa, Zhao Lijian.

A defesa da segurança nacional também foi o motivo alegado pelas autoridades de Hong Kong para enquadrar Jimmy Lai, ativista pró-democracia e magnata da mídia, na controversa legislação promulgada por Pequim sobre a ex-colônia britânica.

Nesta sexta-feira (11), o jornal Apple Daily, propriedade de Lai, disse que o homem de 73 anos foi acusado de conluio com forças estrangeiras —a lei de segurança nacional também prevê penas que podem chegar a prisão perpétua para qualquer ato considerado secessão, subversão e terrorismo.

Em agosto, cerca de 200 policiais invadiram os escritórios de Lai e o prenderam sob a mesma acusação, mas ele pagou fiança e foi solto no dia seguinte. Neste mês, o empresário foi preso preventivamente por suspeitas de fraude no contrato de aluguel do prédio que sedia o Apple Daily, tabloide conhecido pelo tom crítico ao regime chinês. Desta vez, a fiança foi negada.

Lai é a quarta pessoa acusada de violar a lei de segurança nacional em Hong Kong. Além do empresário, também foram indiciados um homem que jogou uma moto contra policiais durante uma manifestação, outro manifestante que gritou slogans pró-democracia na direção dos agentes e um jovem de 19 anos, Tony Chung, acusado de separatismo.

Nesta sexta, Chung foi considerado culpado de ultraje à bandeira chinesa por tê-la jogado no chão durante protestos em frente ao Conselho Legislativo de Hong Kong, em maio de 2019.

"As ações do acusado estavam, sem dúvida, profanando abertamente a bandeira nacional. O acusado recuou e saltou para jogar a bandeira, o que possibilitou que mais pessoas vissem o que ele fez", disse a juíza Peony Wong em sua decisão.

Chung era o líder de um grupo pró-independência dissolvido após a promulgação da lei de segurança nacional. Em outubro, ele foi detido a 50 metros do consulado dos EUA em Hong Kong. O jovem se preparava para solicitar asilo político aos diplomatas de Washington, mas foi levado pelos policiais antes que pudesse formalizar o pedido.

Preso preventivamente desde então, Chung agora aguarda o julgamento das acusações de secessão, lavagem de dinheiro e conspiração para publicar conteúdos separatistas nas redes sociais. O veredito será divulgado em 29 de dezembro.

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