Em cúpula dominada por pandemia, Bolsonaro fala em 'salvar vidas e proteger economias'

Presidente argentino defende ação integrada dos países da região

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Buenos Aires

Na última reunião do Mercosul de 2020, realizada novamente por meio virtual devido ao coronavírus, nesta quarta-feira (16), a pandemia foi o assunto principal. Enquanto o presidente argentino, Alberto Fernández, pediu uma ação integrada dos países da região, o paraguaio Abdo Benítez reforçou que era necessário que "as vacinas cheguem rapidamente para superar a atual crise".

Em sua participação, Jair Bolsonaro não falou sobre a chegada ao país dos imunizantes —que já declarou que não vai tomar—, mas afirmou que o bloco agiu para "salvar vidas e proteger nossas economias".

O presidente Jair Bolsonaro participa de lançamento de plano de vacinação em Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress

Na Argentina, a vacinação com a russa Sputnik V começa ainda neste mês, e a parcela do grupo de maior risco à doença e os agentes da saúde serão os primeiros da fila. Segundo estimativa do ministro da Saúde, Ginés González García, o país terá novas doses para vacinar a população em geral em fevereiro.

O presidente chileno, Sebastián Piñera, por sua vez, anunciou o início da imunização já na próxima semana. O país tem acordos com os laboratórios Pfizer e BioNTech. E Luis Arce, recém-eleito presidente da Bolívia, pediu que "os países do Mercosul trabalhem numa agenda de consensos para acesso a medicamentos, vacinas e equipamentos médicos".

Para além da crise sanitária, que definiu como "sem precedentes", Bolsonaro fez um discurso moderado, enfatizando que espera o predomínio dos interesses comerciais sobre as diferenças entre os governos.

Ao lado do chanceler Ernesto Araújo (sem máscara) e do ministro da Economia, Paulo Guedes (de máscara), o presidente reforçou, também, que espera que o Mercosul seja "um aliado na agenda de reformas que estão sendo feitas para melhorar o Estado brasileiro".

Na reunião em que entregou a presidência temporária do bloco para a Argentina, o presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, afirmou que as recentes negociações entre Mercosul e Israel e Coreia do Sul são exemplos de como o grupo deve funcionar.

"O bloco está avançando em conjunto, mas cada país está atuando na sua velocidade", disse. Segundo ele, quando se fala de "consenso" em termos de Mercosul, é necessário entender que "alguns têm necessidades mais urgentes e que outros não necessariamente vão avançar como os demais".

Em sua fala, Fernández chamou a atenção para justiça social no pós-pandemia. "Não haverá economias robustas sem inclusão social, sem incluir os mais vulneráveis."

O presidente argentino acrescentou que será necessário, nas próximas reuniões, priorizar a transição para a economia digital, muito mais ativa durante a crise sanitária. "Queremos que o Mercosul seja um mecanismo solidário, e, citando aqui o papa Francisco, repito que creio que ninguém se salva sozinho."

Estreando nas reuniões do Mercosul, o presidente da Bolívia agradeceu a ajuda de Fernández na transição de poder em seu país —o ex-presidente boliviano Evo Morales, de quem Arce foi ministro da Economia, passou quase 11 meses exilado na Argentina após renunciar.

Arce também pediu que o bloco analise a criação de um fundo para ajudar as economias locais a se recuperarem após a fase aguda da pandemia —mas não deu detalhes de como deveria funcionar.

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