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Em novo recuo, Suécia adianta prazo para começar aplicação de lei que coíbe aglomerações

Se aprovada, regra dará a governo margem para implementar restrições mais severas

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Estocolmo | Reuters

Em um novo recuo, a Suécia decidiu adiantar a data para começar a aplicação de uma nova lei que, caso aprovada, dará ao governo poder para fechar shoppings e o transporte público, além de multar infratores.

Inicialmente, as autoridades planejavam aplicar a lei a partir de março, mas mudou o prazo para 10 de janeiro devido à nova alta de infecções que colocou os serviços de saúde em situação preocupante.

Até agora, a Suécia havia se apoiado em medidas voluntárias de distanciamento social, diferenciando-se de outros países europeus que adotaram restrições duras, como lockdowns, para combater o patógeno.

Shopping center no centro de Malmo, na Suécia, durante o período de Natal
Shopping center no centro de Malmo, na Suécia, durante o período de Natal - Johan Nilsson - 20.dez.20/AFP

"Em situações muito sérias o governo terá a possibilidade de impor medidas mais abrangentes para prevenir aglomerações", afirmou a ministra da Saúde, Lena Hallengren, em entrevista coletiva. "O que inclui o fechamento de lojas, transporte público, shoppings e outros negócios englobados na legislação."

Ainda que o governo tenha reforçado a confiança no senso de responsabilidade de cada um, autoridades também sentiram falta de mecanismo legais que oferecessem a possibilidade de tomar medidas mais duras. Se aprovada, a regra só poderá ficar em vigor até setembro —a não ser que seja renovada.

Atualmente, a legislação sueca limita a autoridade do governo para implementar medidas de controle epidemiológico —um dos principais argumentos para o país ter se posicionado como uma exceção global.

A abordagem pouco ortodoxa começou a mudar à medida em que uma nova alta de casos acendeu um alerta para as autoridades. Em novembro, o primeiro-ministro Stefan Lofven deu um sinal da mudança de tom ao reduzir o número de pessoas permitidas em eventos públicos de 300 para 8 e ao convocar a população a assumir "a responsabilidade de impedir a propagação da infecção".

Um índice que preocupa as autoridades é o crescimento do número de pacientes infectados que demandam UTIs. Em Estocolmo, a taxa de ocupação de leitos chegou a 99% no início do mês.

"Precisamos de ajuda", disse Bjorn Eriksson, chefe do serviço de saúde da capital sueca, em entrevista coletiva na qual apelou às autoridades nacionais para enviar enfermeiros especializados e outros profissionais de saúde para aumentar a capacidade de atendimento da região.

Entre os argumentos da Suécia para evitar as restrições mais severas até este momento estavam a legislação do país (que agora pode mudar), a baixa densidade populacional (que reduz o número de encontros entre as pessoas), o fato de que metade dos suecos mora sozinha (evitando a transmissão doméstica) e o alto grau de adesão da população às recomendações do governo.

Em maio, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, citou a Suécia como modelo a ser seguido, embora os números contrariassem seus argumentos. Mesmo assim, o país se tornou referência para grupos políticos que se posicionam contra medidas restritivas de combate à pandemia.

A Suécia registrou 6.609 casos de coronavírus na quarta-feira da semana passada, dia 23 de dezembro, nos dados mais recentes a serem contabilizados. Agora, acumula 8.279 mortes por Covid-19, com uma taxa de óbitos per capita muito superior à de seus vizinhos nórdicos, mas menor que a de outras nações europeias que optaram por adotar lockdowns.

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