A equipe de transição do presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, está considerando um plano que evitaria a deportação de mais de um milhão de imigrantes de Honduras e da Guatemala por causa dos danos sofridos pelos dois países pela passagem de dois furacões em novembro, disseram três pessoas familiarizadas com o assunto à agência Reuters.
O futuro governo estuda conceder a esses grupos o Status de Proteção Temporária (TPS, na sigla em inglês). O programa permite que as pessoas que já estavam nos Estados Unidos no momento da designação permaneçam e trabalhem legalmente se seus países de origem foram afetados por desastres naturais, conflitos armados ou outros eventos que impedem seu retorno seguro.
As designações duram de seis a 18 meses e podem ser renovadas.
O TPS cobre tanto os imigrantes nos Estados Unidos ilegalmente quanto aqueles com vistos legais. O programa proíbe a participação de pessoas que tenham sido condenadas criminalmente e aquelas consideradas ameaças à segurança.
Os ouvidos pela Reuters sob anonimato enfatizaram que uma decisão só será tomada após Biden assumir o cargo, em 20 de janeiro, e a equipe estar pronta para conduzir as avaliações formais. Eles disseram ainda que outras medidas também estão sendo avaliadas.
Um porta-voz da equipe de transição não quis comentar.
Se o governo de Biden conceder o TPS a hondurenhos e guatemaltecos, isso representará uma grande expansão do programa e o maior uso dessa prerrogativa legal em décadas.
No entanto, oficiais de fronteira dos EUA estão preocupados com um grande aumento da migração no meio da pandemia de coronavírus. A situação pode ser agravada por conversas sobre novas designações de TPS, disse Brandon Judd, presidente do Conselho Nacional da Patrulha de Fronteira, um sindicato de agentes da Patrulha de Fronteira.
A discussão das proteções humanitárias do TPS representa um rompimento com a política migratória do governo de Donald Trump.
O republicano tentou eliminar a maioria das categorias de migrantes e refugiados protegidas pelo programa, argumentando que os países se recuperaram de desastres naturais que aconteceram anos ou décadas atrás. No entanto, a aplicação das restrições foi desacelerada por tribunais federais, levando as proteções a continuarem em vigor por pelo menos até outubro de 2021.
O site da campanha de Biden descreveu as tentativas de Trump de esvaziar o TPS como politicamente motivadas. O presidente eleito Biden disse que não enviaria os inscritos no programa a países inseguros.
Se o governo do democrata finalmente incluir hondurenhos e guatemaltecos no TPS, isso poderia entusiasmar os democratas liberais, mas arriscaria as críticas dos republicanos que apoiam a abordagem mais dura de Trump, tornando mais difícil para Biden aprovar o projeto de lei de imigração que planeja apresentar no início de seu mandato.
Aproximadamente 411.000 pessoas de diferentes nacionalidades estão protegidos de deportações sob o programa, de acordo com um relatório de 2019 do Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA.
Destruição
Os dois furacões que atingiram a América Central em novembro, chamados Eta e Iota, mataram mais de 100 pessoas em Honduras e forçaram mais de 300 mil a serem evacuados de suas casas. Cerca de 125 mil ainda vivem em abrigos, segundo o governo hondurenho.
Na Guatemala, as tempestades mataram dezenas de pessoas, destruíram estradas, pontes e outras infraestruturas e inundaram áreas agrícolas em um momento em que o país já enfrentava uma crise alimentar.
Mais de 250 mil famílias guatemaltecas foram afetadas pela destruição agrícola, de acordo com o Ministério da Agricultura. O Programa Mundial de Alimentos alerta que os danos criarão um alto risco de insegurança alimentar para os agricultores de subsistência e suas famílias ao longo dos próximos 10 meses, até a próxima colheita
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