Eurodeputado húngaro preso em orgia em Bruxelas deixa partido de Orbán

Primeiro-ministro diz que ações de József Szájer eram 'indefensáveis'

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Budapeste | Reuters

Envolvido num escândalo em Bruxelas, o eurodeputado húngaro József Szájer deixou nesta quarta (2) o partido de extrema direita Fidesz, do primeiro-ministro Viktor Orbán e do qual é um dos fundadores.

Ele foi preso por participar de uma orgia na sexta (27), em um momento em que a cidade adota medidas restritas de isolamento para conter uma nova alta de casos de Covid-19.

Orbán disse à mídia húngara que as ações de Szájer eram "indefensáveis" e iam contra os valores do grupo político do Fidesz, que se apresenta como um defensor dos valores tradicionais e cristãos.

Figura importante no cenário político do país e aliado de Orbán há mais de 30 anos, ele ocupou uma cadeira na Assembleia Nacional da Hungria entre 1990 e 2004, quando foi eleito para o Europarlamento.

József Szájer usa terno e fala em um púpito; ao fundo, bandeiras da Hungria estão enfileiradas
József Szájer faz um discurso para a campanha de seu partido, Fidesz - Bernadett Szabo - 5.abril.2019/Reuters

Em Bruxelas, como deputado europeu, ele foi a principal força do Fidesz no Parlamento e teve um papel fundamental na reescrita da Constituição da Hungria depois que Orbán ganhou as eleições em 2010.

“Não vamos esquecer nem repudiar os seus 30 anos de trabalho, mas o seu feito é inaceitável e indefensável. Depois disso, ele tomou a única decisão adequada ao se desculpar e renunciar ao cargo de membro do Parlamento Europeu e deixar o Fidesz ”, disse o primeiro-ministro.

Szájer havia renunciado repentinamente a seu assento no Parlamento da União Europeia no domingo (29), mas admitiu nesta terça-feira (1º) que era um dos participantes da orgia, que reuniu 25 pessoas, a maioria homens. Estavam presentes diplomatas e políticos, e a polícia encontrou drogas no local.

"Eu não usei drogas, ofereci-me aos policiais para fazer um teste, mas eles não quiseram. A polícia disse ter encontrado pílulas de ecstasy, mas não eram minhas. Não sei quem as colocou ali nem como. Sinto muito por ter violado as regras sobre reuniões, foi algo irresponsável da minha parte", disse.

Em Bruxelas, as medidas de combate à pandemia seguem bastante restritivas. Bares e restaurante estão fechados e, no comércio, as pessoas devem fazer compras sozinhas e não podem permanecer por mais de 30 minutos dentro dos estabelecimentos.

Analistas políticos disseram que o incidente pode ter implicações políticas para Orbán, cujo governo conservador há muito faz campanha pelos valores da família cristã e intensificou sua retórica contra a população LGBT.

A saída ocorre em um momento delicado para o governo húngaro, que está em uma disputa com Bruxelas sobre os critérios do Estado de Direito vinculados ao orçamento da União Europeia.

A Hungria e a Polônia, comandada pelo partido de ultradireita Lei e Justiça, bloquearam, em novembro, a aprovação do orçamento do bloco para os próximos sete anos e do pacote emergencial de ajuda para os países afetados pela pandemia de coronavírus.

A posição é decorrente de uma cláusula que determina que os integrantes só poderão ter acesso ao dinheiro caso respeitem regras democráticas e o Estado de Direito. Os dois países têm sido acusados nos últimos anos de tomarem medidas de caráter autoritário.

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