Descrição de chapéu Brexit

Pai de Boris Johnson anuncia pedido para obter cidadania francesa

Primeiro-ministro é um dos símbolos da campanha pela saída do Reino Unido da União Europeia

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Paris | Reuters

Stanley Johnson, 80, pai do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou nesta quinta-feira (31) que estava dando entrada no processo para pedir cidadania francesa, o que manteria seus laços com a União Europeia (UE) depois do brexit, a saída do Reino Unido do bloco europeu.

O filho de Stanley, Boris, é um dos símbolos da campanha que levou à decisão de deixar a UE, o que acontece definitivamente uma hora antes da meia-noite desta sexta (1º), encerrando quase 50 anos de um conturbado relacionamento.

Stanley Johnson, pai do primeiro-ministro Boris Johnson, em Westminster, em Londres
Stanley Johnson, pai do primeiro-ministro Boris Johnson, em Westminster, em Londres - Henry Nicholls - set.19/Reuters

Um ex-membro do Parlamento Europeu que votou para que o Reino Unido permanecesse na União Europeia no referendo de 2016, o pai do atual premiê disse à rádio RTL que gostaria de se tornar um cidadão francês porque tem fortes laços familiares com a França.

“Se eu estou correto no meu julgamento, eu sou francês. Minha mãe nasceu na França, sua mãe era totalmente francesa, assim como seu avô. Então, para mim, é solicitar o que eu já possuo. E isso me deixa muito feliz”, disse Stanley, em francês.

“Eu certamente sempre serei um europeu. Você não pode dizer ao povo britânico: vocês não são europeus. Ter laços com a União Europeia é importante”, acrescentou o pai do primeiro-ministro.

Stanley não é uma voz solitária na família Johnson contra a saída do Reino Unido da União Europeia.

Em setembro de 2019, o irmão caçula de Boris, Jo, renunciou à sua cadeira no Parlamento e a um cargo no governo por discordâncias da política para o brexit —ele, que foi parlamentar por nove anos e integrou o governo de três diferentes premiês, era secretário de Negócios no governo do irmão mais velho.

Assim como o pai, ele votou contra o brexit no plebiscito de 2016 e chegou a defender a realização de uma segunda votação popular sobre a saída do Reino Unido do bloco.

Rachel, irmã de Jo e Boris e outra contrária ao brexit nos Johnson, já declarou em rede social que o tema é assunto proibido nos encontros familiares, especialmente durante as refeições.

O primeiro-ministro Boris Johnson depois que o acordo pós-brexit foi aprovado no Parlamento
O primeiro-ministro Boris Johnson depois que o acordo pós-brexit foi aprovado no Parlamento - Downing Street/Handout via Xinhua

Articulador da campanha de 2016 para que o Reino Unido deixasse de fazer parte da União Europeia, Boris bate na tecla de que os britânicos podem prosperar e manter sua soberania fora do que ele diz ser uma organização excessivamente burocrática.

Em junho de 2016, 52% dos britânicos votaram em um referendo a favor do fim de quase cinco décadas de integração do Reino Unido ao bloco europeu. Tecnicamente, a saída já havia ocorrido no início deste ano, em 31 de janeiro, mas ainda havia negociações pendentes, principalmente em relação às práticas comerciais entre as duas partes.

Depois da aprovação do Parlamento, na quarta-feira (30), do acordo comercial pós-brexit com a União Europeia, o primeiro-ministro se manifestou com um tom mais conciliatório. “Este não é o fim do Reino Unido como país europeu. Somos, em muitos aspectos, uma civilização europeia por excelência... E continuaremos a ser”, disse Boris.

Ele também disse que está disposto a trabalhar com a União Europeia “de mãos dadas, desde que nossos valores e interesses coincidam, enquanto satisfazemos o desejo soberano do povo britânico de viver sob suas próprias leis soberanas feitas pelo seu próprio Parlamento soberano”.

Após meses de negociações tensas, o acordo de livre comércio entre o Reino Unido e os 27 membros da UE vai evitar tarifas e barreiras alfandegárias e foi saudado com alívio por autoridades dos dois lados.

Com a parceria, a União Europeia concede aos britânicos um acesso isento de tarifas ao seu mercado de aproximadamente 450 milhões de consumidores, mas prevê sanções e medidas compensatórias em caso de descumprimento das suas regras sobre auxílios estatais, meio ambiente e direitos trabalhistas.

Tecnicamente, o acordo ainda precisa ser votado pelo Parlamento Europeu, mas o órgão está em recesso e só será convocado para ratificar o tratado no final de fevereiro. Assim, o texto entrará em vigor em 1º de janeiro de maneira provisória.

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