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Polônia usa refinaria estatal para comprar grupo de mídia

Oposição acusa governo de controlar imprensa livre do país

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Varsóvia | Reuters

A refinaria estatal da Polônia PKN Orlen adquiriu o grupo editorial Polska Press de seu proprietário alemão, fazendo com que mais veículos de imprensa do país fiquem nas mãos do governo.

A venda foi anunciada nesta segunda-feira (7), e o presidente-executivo da estatal, Daniel Obajtek, disse que a aquisição foi apenas um investimento empresarial.

"[A compra] deve ser tratada como um elemento de apoio às vendas, o que é extremamente importante no contexto do desenvolvimento da rede de varejo PKN Orlen", disse ele.

O partido governista Lei e Justiça (PiS) há muito argumenta que as empresas de mídia estrangeiras têm muita influência na Polônia, distorcendo o debate público —a oposição, por sua vez, diz que o objetivo é justamente aumentar o controle do estado sobre a mídia independente.

A Polska Press, que pertencia à empresa alemã Verlagsgruppe Passau, é responsável pela publicação de 20 jornais regionais, cerca de cem revistas semanais e um jornal gratuito distribuído em sete cidades, incluindo Varsóvia, a capital.

O conglomerado gerou mais de US$ 108 milhões (R$ 550 milhões) em receita no ano passado, de acordo com um comunicado da PNK Orlend, que não divulgou o valor da compra.

A decisão ocorre no momento em que a Polônia e a Hungria bloquearam, em novembro, a aprovação do orçamento da União Europeia para os próximos sete anos e do pacote emergencial de ajuda para os países afetados pela pandemia de coronavírus.

A posição é decorrente de uma cláusula que determina que os integrantes só poderão ter acesso ao dinheiro caso respeitem regras democráticas e o Estado de Direito. Os dois países têm sido acusados nos últimos anos de tomarem medidas de caráter autoritário.

A Polônia não avançou com sua reforma dos meios de comunicação —em que a imprensa teria que priorizar a "missão nacional"—, em parte devido ao temor de gerar novas tensões com a União Européia, segundo uma pessoa do governo, que não quis ser identificada, ouvida pela agência de notícias Reuters.

Borys Budka, líder do maior partido de oposição da Polônia, a Plataforma Cívica, disse que a ação foi semelhante ao que aconteceu na Hungria, onde os críticos afirmam que o governo exerce uma influência cada vez maior na mídia, e os jornais são compradas por apoiadores do primeiro-ministro Viktor Orbán.

Ryszard Czarnecki, legislador do PiS no Parlamento Europeu, rejeitou a sugestão de que a aquisição da Polska Press resultaria numa cobertura desequilibrada. “Se a mídia é alemã, ela é objetiva, e se ela é polonesa, ela é tendenciosa? Rejeito esse tipo de pensamento ”, disse.

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