Após confirmação do Colégio Eleitoral, Putin e Obrador parabenizam Biden por vitória nos EUA

Presidente brasileiro felicita democrata horas mais tarde em nota e pelas redes sociais

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Moscou e Washington | Reuters

Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e do México, Andrés Manuel López Obrador, parabenizaram nesta terça (15) Joe Biden pela vitória na eleição presidencial dos Estados Unidos, depois de os delegados do Colégio Eleitoral confirmarem o resultado favorável ao democrata do pleito de 3 de novembro.

"Putin desejou todo o sucesso ao presidente eleito e expressou confiança de que a Rússia e os EUA poderiam, apesar de suas diferenças, ajudar a resolver os muitos problemas e desafios que o mundo enfrenta", disse o Kremlin em um comunicado.

Já o líder latino-americano enviou uma carta ao democrata. Na correspondência, com data de 14 de dezembro, Obrador afirma esperar que a diplomacia americana sob Biden respeite os princípios da Constituição mexicana de "não intervenção e autodeterminação".

Com um "cumprimento afetuoso", AMLO, como o presidente mexicano é conhecido, recebeu de forma positiva as posições do democrata em relação a imigrantes que saem do México e de outros países aos EUA. "Espero que em breve haja uma oportunidade, sr. Biden, para discutir esta e outras questões", escreveu Obrador na carta divulgada no Twitter pelo chanceler mexicano.

Embora a maior parte das lideranças mundiais tenha parabenizado Biden assim que as projeções da imprensa americana o apresentaram como vencedor das eleições, Rússia e México disseram que esperariam pelos resultados oficiais antes de comentar o resultado. "De minha parte, estou pronto para interação e contato com você", disse Putin nesta terça.

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, também felicitou o democrata horas mais tarde nesta terça.

"Saudações ao presidente Joe Biden, com meus melhores votos e a esperança de que os EUA sigam sendo a terra dos livres e o lar dos corajosos'", diz trecho da nota divulgada pelo Itamaraty.

"Estarei pronto a trabalhar com V. Exa. e dar continuidade à construção de uma aliança Brasil-EUA, na defesa da soberania, da democracia e da liberdade em todo o mundo, assim como na integração econômico-comercial em benefício dos nossos povos", conclui o comunicado.

Entre os líderes mundiais, sobrou apenas o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, sem reconhecer a vitória democrata.

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, durante cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília - Sérgio Lima - 9.dez.20/AFP

Nesta terça, ao ser questionado sobre o que faltava para o Brasil reconhecer o triunfo de Biden, o vice-presidente Hamilton Mourão, na saída do Palácio do Planalto, abriu os braços e disse: "Não sei".

Bolsonaro não só disse ter torcido pela reeleição de Donald Trump como endossou recentemente as acusações do atual presidente americano de que o pleito foi fraudado.

“Tenho minhas fontes [que dizem] que realmente teve muita fraude lá. Isso ninguém discute. Se foi suficiente para definir um ou outro, eu não sei”, disse Bolsonaro, depois de votar no segundo turno das eleições municipais no Rio de Janeiro.

Embora Trump tenha sustentado, sem apresentar provas, o discurso de que a vitória de Biden se deu por meio de uma série de irregularidades, a campanha republicana sofreu uma sequência de derrotas ao tentar levar a disputa para o âmbito jurídico.

A maior e mais recente ocorreu na última sexta-feira (11), quando a Suprema Corte dos EUA encerrou um processo movido pelo Texas, com apoio de Trump, para desconsiderar os resultados das eleições em quatro estados vencidos por Biden —Geórgia, Michigan, Pensilvânia e Wisconsin.

Em uma decisão curta e unânime, a mais alta instância da Justiça americana afirmou que o Texas não tinha legitimidade para prosseguir com o caso, dizendo que o estado "não demonstrou um interesse judicialmente reconhecível na maneira como outro estado conduz suas eleições".

O prazo legal para resolver queixas sobre a apuração dos votos terminou nesta segunda-feira justamente com o envio dos votos dos delegados do Colégio Eleitoral a Washington.

Os delegados que formam o colegiado se reuniram em seus respectivos estados e deram mais um passo em direção à oficialização de Biden como o 46º presidente dos EUA. O democrata somou 306 votos, marca superior aos 270 necessários para garantir a vitória, contra 232 de Trump.

Os resultados certificados nesta segunda serão enviados ao Congresso, que fará a contagem das cédulas em 6 de janeiro, numa sessão conjunta entre Câmara e Senado e presidida pelo atual vice-presidente do país, Mike Pence. Somente então Biden é declarado oficialmente eleito e segue para a posse, marcada para 20 de janeiro.

“Nós, o povo, votamos. A fé em nossas instituições foi mantida. A integridade de nossas eleições permanece intacta. E agora é hora de virar a página. Para unir e curar. Como eu disse nesta campanha, serei um presidente de todos os americanos", disse Biden, em pronunciamento à nação após o fim da votação no Colégio Eleitoral.

Outro a reconhecer Biden nesta terça como novo presidente americano foi o senador Mitch McConnell, líder do Partido Republicano no Senado, um dos mais ferrenhos defensores de Trump.

"Muitos de nós esperávamos que a eleição tivesse um resultado diferente, mas nosso sistema de governo tem processos para determinar quem será empossado em 20 de janeiro", disse ele, em discurso no Senado. "O Colégio Eleitoral se pronunciou. Então hoje quero parabenizar o presidente eleito Joe Biden."

"Além de nossas diferenças, todos os americanos podem ficar orgulhosos de que nossa nação tem uma mulher vice-presidente eleita pela primeira vez", prosseguiu McConnell, em referência a Kamala Harris.

O senador fez elogios às conquistas do governo Trump, mas não citou as denúncias de fraude na eleição feitas pelo atual presidente. Seu silêncio sobre o resultado era visto como um sinal de apoio aos questionamentos do líder do país.

Como líder da maioria, McConnell é o homem de maior poder no Senado dos EUA, capaz de abrir caminho para projetos ou de travar seu andamento. Sua atuação ajudou Trump a ser inocentado no processo de impeachment, em fevereiro deste ano.

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