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Uma grande vitória da diplomacia chinesa na região da Ásia-Pacífico

Megatratado de livre comércio teve 8 anos de negociações e participação de 14 países

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Andrés Serbin

Presidente-executivo da Coordenação Regional de Pesquisa Econômica e Social (Cries) e membro pleno do Conselho Argentino de Relações Internacionais (Cari)

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A assinatura do megatratado de livre comércio da Regional Economic Comprehensive Partnership (RCEP) durante a recente Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) em Hanói, após 8 anos de negociações prévias e com a participação de 14 países, foi um grande avanço para a diplomacia chinesa e terá um impacto significativo em suas relações com os países da Ásia-Pacífico.

Além disso, pouco depois de uma complicada transição eleitoral nos Estados Unidos, ele coloca em questão a estratégia do Indo-Pacífico "livre e aberto" e eventualmente democrático, promovida por Washington para a contenção da projeção e influência de Pequim a nível regional.

O RCEP foi inicialmente promovido pela China como uma resposta ao Tratado de Parceria Transpacífica (TPP) conduzido pela administração Obama no marco do chamado "pivô asiático" de sua política externa. Entretanto, Donald Trump se retirou do mesmo e a TPP11 resultante não contou com a participação dos Estados Unidos.

Em vez da ênfase que a administração Obama colocou na dimensão comercial e financeira para fortalecer suas alianças na Ásia-Pacífico para conter a China, Trump optou por uma estratégia centrada nos temas de segurança em torno do chamado Quad do Indo-Pacífico em parceria com o Japão, Austrália e Índia.

Malabarismo: O Indo-Pacífico

Paradoxalmente, dos três últimos países, Japão e Austrália são signatários da RCEP e membros, desde 2018, do Tratado Integral e Progressivo de Associação Transpacífica (TPP11), do qual os Estados Unidos se excluíram.

O Japão, preocupado com a crescente projeção da China, desempenhou um papel proeminente na assinatura deste acordo de livre comércio, mas também, desde 2007, tem sido um forte promotor da estratégia Indo-Pacífico.

A Índia, que é membro do Quad e participou recentemente com os outros três países em exercícios militares marítimos conjuntos, não é membro do TPP11 e se retirou das negociações do RCEP por causa de seus conflitos com a China, mas apostou na estratégia Indo-Pacífico.

Neste contexto, Pequim não só alcançou uma importante vitória com a assinatura do RCEP e com o papel de liderança que desempenhou nas recentes Cúpulas da ASEAN e do Foro de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), e sua disposição de participar da TPP11, mas também reafirma a importância da Ásia-Pacífico como uma narrativa regional.

Sim à integração

O erro do Trump de apostar na estratégia Indo-Pacífico baseado principalmente em considerações de segurança, abandonando seus parceiros da região na criação da TPP11, força o recém-eleito presidente Joe Biden a repensar sua estratégia na Ásia-Pacífico e a retomar, provavelmente de forma mais integrada, alguns dos elementos que caracterizaram o "pivô asiático" de Obama, incluindo a possibilidade de repensar a ligação dos Estados Unidos com este acordo de livre comércio e a atual modalidade de implementação da estratégia Indo-Pacífico.

Mas a nova situação provavelmente também afetará a situação dos países da América Latina cujas economias estão cada vez mais ligadas à região da Ásia-Pacífico. Não apenas os países sul-americanos em geral, mas, em particular, os atuais membros da Aliança do Pacífico que, como o Peru, têm participado do TPP11 ou como o Chile, ainda estão debatendo sua adesão ao mesmo, enquanto o México, sempre pendente de seu relacionamento com os Estados Unidos, mantém um elo em ziguezague com a esfera asiática e o atual governo da Colômbia põe novamente o seu foco na Ásia-Pacífico após a derrota do Trump.

*Tradução por Maria Isabel Santos Lima

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